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Macron associa soja do Brasil a desmatamento da Amazônia; indústria nacional rebate

(Reuters) – O presidente da França, Emmanuel Macron, associou nesta terça-feira a soja do Brasil ao desmatamento da floresta amazônica e defendeu a produção da oleaginosa no continente europeu como alternativa.

Em publicação no Twitter, ele afirmou que “continuar a depender da soja brasileira seria endossar o desmatamento da Amazônia”.

“Somos consistentes com as nossas ambições ecológicas, lutamos para produzir soja na Europa!”, escreveu ele na rede social.

Em nota, a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) rebateu as críticas de presidente francês afirmando que, “como bem sabe Macron”, a soja produzida no bioma amazônico do Brasil é livre de desmatamento desde 2008, graças à Moratória da Soja.

A entidade, que representa as principais tradings de soja no país, ressaltou que a moratória é uma iniciativa internacionalmente reconhecida, que monitora, identifica e bloqueia a aquisição da oleaginosa produzida em área desmatada no bioma, garantindo que existe risco zero do envio de soja de área desmatada (legal ou ilegal) deste bioma para mercados externos.

Além disso, a entidade ainda disse que as declarações do presidente foram utilizadas como justificativa para os subsídios ofertados aos produtores franceses.

“A Abiove lamenta que o presidente da França, Emmanuel Macron, busque justificar sua decisão de subsidiar os agricultores franceses atacando a soja brasileira”, afirmou.

Os comentários de Macron vêm em momento em que o governo francês tem feito oposição à atual versão de um acordo comercial entre a União Europeia e o Mercosul, citando preocupações com o desmatamento.

Em dezembro, o presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, disse que a França é “o grande problema” para um avanço no acordo entre Mercosul e europeus. Ele também disse que os franceses são concorrentes do país no setor de commodities.

Em 2020, a França comprou 83.458 toneladas em soja do Brasil, abaixo de países europeus como a Espanha (2,8 milhões de toneladas), segundo informações do sistema Agrostat, compiladas pelo Ministério da Agricultura. A China, principal compradora, adquiriu 60,6 milhões de toneladas.

(Por Luciano Costa e Nayara Figueiredo em São Paulo; reportagem adicional de Ana Mano)

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