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Conab reduz projeção para safra de soja 2020/21 do Brasil por efeitos do clima

SÃO PAULO (Reuters) – O Brasil, maior produtor e exportador global de soja, deve colher um recorde de 133,69 milhões de toneladas da oleaginosa na safra 2020/21, projetou nesta quarta-feira a Companhia Nacional do Abastecimento (Conab), ao reduzir sua expectativa ante a projeção de 134,45 milhões de toneladas divulgada em dezembro.

Em relação à temporada anterior, o volume estimado representa alta de 7,1%. A perspectiva para a área plantada é de 38,19 milhões de hectares, avanço de 3,4% ante 2019/20.

Segundo a estatal, a colheita já teve início em Mato Grosso, principal Estado produtor de soja, onde a produção poderá chegar a 35,43 milhões de toneladas, “uma ligeira queda ante o estimado na safra anterior, mesmo com a expectativa de aumento na área plantada”.

“O resultado (em Mato Grosso) é reflexo da estimativa de menor produtividade, uma vez que as condições climáticas de 2019 não se repetiram até então”, afirmou a Conab.

A companhia alertou que, durante o levantamento, havia relatos de agricultores que apontavam para heterogeneidade na avaliação fitossanitária das lavouras de Mato Grosso, entre regular, boa e excelente. Isso acarretou uma incerteza ao mercado sobre o fechamento de novas vendas antecipadas.

“Os relatos são de que tanto as tradings quanto os produtores rurais apresentam-se cautelosos ao negociar os contratos a termo, tendo em vista a escassez de chuvas, que traz à tona o risco climático, podendo limitar a capacidade de produção e o cumprimento de compromissos contratuais.”

Na ponta da demanda, a expectativa é que as exportações de soja do Brasil atinjam um número acima de 85,7 milhões de toneladas nesta safra, motivadas pela firme demanda chinesa e pelo forte percentual já comercializado, que alcança mais de 60% da safra, segundo a estatal.

A Conab fez um leve ajuste na estimativa de produção de milho, de 102,6 milhões de toneladas observadas em dezembro para 102,3 milhões.

“As condições climáticas desfavoráveis no momento do cultivo da primeira safra influenciaram a produtividade, principalmente no Sul do país. No Rio Grande do Sul, a diminuição neste índice foi estimada em 11%. Com isso, a produção tende a ser 9,3% menor”, destacou.

Em Santa Catarina, os percentuais de queda na produtividade e na colheita da primeira safra são ainda maiores, chegando a 14% e 12,7% respectivamente.

Em ambos os Estados, a área destinada ao plantio do grão deve crescer, o que reduz um pouco a queda no volume de produção, disse a análise.

A Conab elevou suas projeções de importação de milho em 300 mil toneladas, para 1,3 milhão de toneladas referentes à safra 2019/20.

“O ajuste se deve à necessidade de milho para suprir o consumo ao início de 2021 diante de uma menor oferta do cereal disponível para comercialização. Para as importações da safra 2020/21 foi mantida em 1 milhão de toneladas”, ressaltou.

A produção de algodão em pluma deve atingir 2,65 milhões de toneladas na temporada, levemente abaixo dos 2,67 milhões previstos anteriormente.

Para o trigo, no entanto, a Conab vê uma safra 2021 de 6,23 milhões de toneladas, uma elevação ante as 6,18 milhões de toneladas da estimativa anterior.

(Por Nayara Figueiredo)

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