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Dólar vai às mínimas em uma semana com exterior e política local

Por José de Castro

SÃO PAULO (Reuters) – O dólar acelerou a queda ante o real a mais de 1% nesta quinta-feira, operando nas mínimas em uma semana, com investidores repercutindo o ambiente positivo antes da divulgação de um pacote trilionário de estímulos nos Estados Unidos e atentos também à cena política local.

Tanto bolsa quanto juros ampliaram o movimento positivo no fim da manhã, em meio a notícias de que o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, saiu em defesa da permanência de André Brandão à frente do comando do Banco do Brasil e conseguiu reverter ímpeto inicial do presidente Jair Bolsonaro de demitir o executivo.

O real liderava os ganhos nos mercados globais de câmbio, mas outras divisas de risco também melhoraram o sinal, com destaque para rublo russo (+0,9%), rand sul-africano (+0,9% também), peso chileno (+0,8%) e lira turca (+0,7%).

Aqui, o dólar caía 1,60%, a 5,2283 reais, às 12h59, nas mínimas do dia. Na máxima, alcançada pouco depois das 11h30, a moeda cedeu 0,15%, para 5,3041 reais.

“O ‘overnight’ achei melhor com Lira e Pacheco melhorando. E o RCN (Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central) conseguiu convencer Bolsonaro a manter o presidente do BB”, disse um gestor de fundos, citando ainda forte demanda em leilão de prefixados realizado pelo Tesouro Nacional nesta quinta, no qual foram vendidas NTN-F –título com demanda cativa de estrangeiros.

Rodrigo Pacheco (DEM), candidato à presidência do Senado Federal, ganhou ainda mais favoritismo depois de a senadora Simone Tebet (MDB), sua rival na disputa, sofrer um revés com o impasse na bancada do PSDB, na avaliação da Guide. Da mesma forma, o deputado Arthur Lira (Progressistas), apoiado pelo presidente Bolsonaro, seguia como favorito na campanha pelo comando da Câmara dos Deputados.

A avaliação é que a vitória dos candidatos alinhados ao Planalto tenderia a reduzir ruídos políticos.

Na véspera, o dólar recuou 0,16%, depois de na terça-feira, despencar 3,32%, maior queda em dois anos e meio. A correção veio após a cotação saltar 6,01% nas seis primeiras sessões de 2021, pior início de ano desde pelo menos 2003.

Segundo Henrique Esteter, analista de research da Guide, o dia é de ânimo nos mercados mundiais, após notícia da CNN de que o estímulo proposto pelo futuro governo Joe Biden ficará em torno de 2 trilhões de dólares.

O dólar entrou em rota descendente no mundo, em queda de 13,4% entre a máxima de março e a mínima deste mês, puxado pelo anúncio de massivos estímulos por bancos centrais e governos globais para enfrentamento da pandemia.

Contudo, a dinâmica do mercado de câmbio segue frágil, com analistas ainda citando preocupações de ordem fiscal e com os rumos da agenda de reformas como elemento a deprimir o real. E, mesmo com notícias sobre a permanência de Brandão à frente do BB, o ruído em si se somou aos receios.

“Para o mercado é uma notícia ruim (risco de demissão de Brandão), porque demonstra que não há nenhuma disposição de Bolsonaro para retirada das estatais, ou seja, de privatização. Nesse processo, a questão fiscal pode ficar de lado”, disse Jason Vieira, economista-chefe da Infinity Asset.

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