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Governo do Pará cria barreira para impedir entrada de embarcações vindas do Amazonas

BELÉM, PA (FOLHAPRESS) – O governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), publicou nesta quinta-feira (14) um decreto proibindo a circulação de embarcações que venham do Amazonas, estado que vive um novo pico de disseminação da Covid-19 e enfrenta um cenário de hospitais lotados e escassez de oxigênio.

De acordo com Barbalho, caso a situação do estado vizinho siga se agravando e o governo federal não aja, ele recorrerá à Justiça Federal para que a Infraero suspenda voos entre o Pará e o Amazonas.

“Isto é uma medida preventiva e fundamental para que possamos evitar a ampliação do contágio dentro do estado do Pará e, consequentemente, os problemas em saúde em face à pandemia do coronavírus”, disse o governador em suas redes sociais.

Segundo o decreto decreto estadual, o desrespeito das medidas de segurança pode gerar advertência, multa de R$ 10 mil por embarcação no caso de reincidência e até a apreensão da embarcação. O decreto ainda não tem prazo de encerramento, mas Barbalho afirma que o governo seguirá avaliando o quadro epidemiológico.

A decisão chegou depois que a Prefeitura de Juruti (município na divisa entre o Pará e o Amazonas) solicitou ao governador, na segunda-feira (11), o fechamento das fronteiras para que o porto da cidade não recebesse mais navios do Amazonas.

Na terça-feira (12), o próprio governador do Amazonas suspendeu os serviços de transporte fluvial e rodoviário, mantendo apenas o transporte de cargas. A medida segue até o dia 17 de janeiro.

O pedido de Juruti ocorreu depois que vídeos publicados em redes sociais mostraram o porto da cidade recebendo centenas de pessoas do Amazonas, especialmente de Parintins e Manaus, já que Juruti é mais próxima das duas cidades do que a própria capital do Pará.

Juruti tem cerca de 60 mil habitantes e fica a 848 km de Belém. O município já registrou 93 óbitos por Covid-19 e 2.754 casos. Nesta quinta-feira (14), 11 pessoas estavam internadas na cidade com a doença.

Morador de Juriti, Urias Sousa, 40, recebeu o diagnóstico de Covid-19 há oito dias, mas tem apenas sintomas leves. O pai dele, no entanto, está intubado há três dias no Hospital Municipal da cidade, aguardando transferência para um leito de UTI em Belém ou Santarém.

“O clima é o mesmo do início da pandemia, aquele pânico de ser infectado tomou conta das pessoas. As notícias que estávamos lendo sobre a situação em Manaus agora são as notícias daqui. O grande problema é a aglomeração nos barcos, as condições de higiene neles”, lamenta.

Helk Brelaz, de 33 anos, vive entre Juruti e Manaus. Ela diz concordar com a medida preventiva do governo do Pará, mas afirma que a medida deveria ter sido tomada antes. A mãe dela, que mora há dois anos em um barco em Juruti, sempre relata para Helk o cenário de aglomerações no porto da cidade.

“Foi necessário, mas chegou muito tarde, considerando que não tem fiscalização e, mesmo tendo, ninguém segura o povo nem de um lado nem do outro da fronteira”, diz.

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