Economia

Previsão de novo pacote dos EUA e China permite alta do Ibovespa, mas BB limita

A expectativa de injeção de trilhões de dólares na economia dos Estados Unidos e o novo reforço de retomada da China devem dividir a atenção do investidor local com notícias indicando ingerência política em estatais brasileiras. Contudo, o Ibovespa iniciou o pregão desta quinta-feira, 14, em alta, tentando apagar a queda de 1,67% (121.015,60 pontos) da véspera. Às 11h12, subia 0,58%, aos 122.642 pontos.

A principal fonte de valorização é o pacote do presidente eleito dos Estados Unidos, Joe Biden, para impulsionar a atividade econômica incluirá cheques individuais de US$ 2.000. Além desse fator de estímulo para as bolsas, o crescimento (18,1%) das exportações chinesas em dezembro ante igual mês de 2019 deve embalar as ações ligadas a commodities metálicas na B3, que ontem caíram em bloco. As ações da Vale ON subiam 1,38% às 11h03, enquanto CSN ON, 2,01%.

Apesar desses vetores considerados favoráveis à alta, o exterior tem elevação moderada. “A Bolsa avança com essa possibilidade de anúncio de mais dinheiro nos EUA, que deve ser feito à noite, mas antes temos de acompanhar as palavras de Powell presidente do Fed, Jerome Powell. Internamente, é importante esperar para ver para qual lado o governo levará essa questão do Banco do Brasil”, pondera o estrategista-chefe da Levante Ideias de Investimentos, Rafael Bevilacqua. Nesta manhã, o presidente Jair Bolsonaro evitou responder sobre a permanência de André Brandão no BB.

Uma outra questão que ainda deve continuar no centro das atenções do mercado é o impeachment do presidente do EUA, Donald Trump, aceito ontem pela Câmara dos Representantes do país, por “incitação à insurreição”, após a invasão do Capitólio na semana passada por manifestantes pró-Trump. O processo segue agora para o Senado. Além disso, podem limitar ganhos na B3 preocupações com o aumento de casos e de mortes por covid-19 no mundo, que têm levado a novas restrições sociais, e a espera da chegada de vacinas no Brasil.

As ações de estatais brasileiras estão no centro das atenções. Diante da proposta do Banco do Brasil de fechar 112 agências e desligar 5 mil funcionários, o presidente Jair Bolsonaro decidiu demitir André Brandão, conforme apurou o Estadão. Porém, o ministro da Economia, Paulo Guedes, ainda tenta convencer Bolsonaro a desistir da ideia.

“A notícia é negativa na medida que expõe, mais uma vez, os riscos de ingerência política na estatal e coloca em cheque qualquer possibilidade do BB assumir uma gestão mais liberal no atual governo”, avalia em nota a equipe de research da Ativa Investimentos.

Como observa André Machado, sócio fundador do Projeto Os 10%, escola de traders, o fechamento de agências do banco tem impacto principalmente em algumas cidades pequenas, o que tende a atrapalhar o relacionamento de Bolsonaro com os prefeitos e com a base. “E o presidente quer construir uma ponte para conquistar a vitória da presidência da Câmara”, cita. As ações do BB cediam 0,69% às 11h05, enquanto as de bancos privados subiam até 1%.

Além do BB, Machado também afirma que há indícios de intervenção do governo na Petrobras. “Vimos o petróleo superar os US$ 52 por barril e indo a US$ 56, o dólar subiu, mas, mesmo assim, não houve repasse para os preços na bomba nas últimas duas semanas”, diz, completando ainda que o investidor ficará atento a possibilidades de greve dos caminhoneiros.

Outra questão é o petróleo, que cede, com investidores avaliando os dados da Opep, que manteve a projeção de alta da oferta de petróleo em países fora do grupo em 0,85 milhão de barris por dia (bpd), aos 63,530 milhões de barris por dia, em relatório mensal divulgado nesta quinta-feira. Apesar da queda, Petrobras subia na faixa de 0,50%, após registrar queda.

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