Benefícios

Fila de espera no INSS fecha 2020 com quase 1,7 milhões

Fila de espera no INSS fecha 2020 com quase 1,7 milhões. Após um ano marcado pela pandemia da covid-19, o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) fechou 2020 com quase 1,7 milhão de pedidos à espera de resposta do órgão, responsável pela concessão dos benefícios da Previdência Social.

Do total, 1,2 milhão aguardavam ainda uma primeira análise; outras 477 mil solicitações estavam em “exigência”, quando o INSS pede a apresentação de documentação complementar do segurado. Para o órgão, os processos em fase de exigência não integrariam o estoque da fila, por já terem passado por avaliação inicial dos técnicos.

Para resolver a pendência, o segurado precisa enviar as documentações solicitadas pelo site ou aplicativo Meu INSS ou, então, agendar a entrega em uma das agências do órgão.

Os dados obtidos pelo Estadão mostram uma redução do estoque de pedidos acumulados, que chegou a 2,2 milhões em junho de 2019. O problema levou o governo a propor a contratação de servidores temporários para reduzir a fila. A pandemia da covid-19 dificultou ainda mais o trabalho das agências.

Em dezembro de 2019, as pendências já haviam caído a 1,632 milhão e, em março de 2020, para 1,3 milhão. Segundo o INSS, os servidores têm analisado, em média, 835 mil benefícios por mês, o que inclui as análises feitas pelos temporários contratados para reforçar a equipe do órgão.

Ainda assim, o tempo médio de espera para concessão dos benefícios é de 66 dias, acima do prazo máximo previsto em lei (45 dias) – mas menor que o já verificado no passado; alguns benefícios chegaram a ter prazo médio de 195 dias para concessão.

Em entrevista ao Estadão, o presidente do INSS, Leonardo Rolim, antecipou medidas de aumento de produtividade, com metas individuais para análise dos pedidos. Uma licitação será lançada com o objetivo de aumentar em quatro vezes a velocidade do sistema de processamento de dados da Dataprev. Outra licitação vai criar uma nova central do 135, o canal telefônico de atendimento do INSS.

‘Blindagem jurídica’

Em novembro, o INSS, o Ministério Público Federal (MPF) e a Defensoria Pública da União (DPU) assinaram um acordo para fixar prazos e dar “blindagem jurídica” ao esforço do órgão para zerar a fila de espera por benefícios. O período para análise terá limites de 30 a 90 dias, de acordo com o tipo de benefício ou auxílio solicitado. O INSS ganhou seis meses para adequar sua dinâmica de trabalho a esses novos prazos.

“Esse é um desafio importante. O INSS assumiu um compromisso perante a sociedade de que esse prazo é para valer”, diz Rolim. Segundo ele, o INSS está ampliando o número de servidores na análise de requerimentos de 30% para 40% do total já a partir deste mês. Esse movimento será possível graças à transferência de servidores que hoje estão em áreas meio e de atendimento e que estão sendo substituídos pelos temporários. O órgão diz que a medida diminuirá o tempo de concessão, o que também significa economia para os cofres públicos, uma vez que a demora gera correção nos valores dos benefícios.

A procuradora regional da República Zélia Pierdoná, que participou do grupo de discussão do acordo, diz que a expectativa é que o órgão conseguirá ajustar sua operação para cumprir os prazos antes mesmo dos seis meses. Para ela, embora o acordo signifique uma dilatação temporária nos prazos para a concessão dos benefícios, ele garante a proteção dos mais vulneráveis que estavam ficando para trás, enquanto pessoas com maior poder aquisitivo pagavam advogados para acionar a Justiça e “furar” a fila.

“Hoje tem uma indústria da judicialização, e não são os mais vulneráveis que alimentam. É a ‘classe média’ dos trabalhadores”, afirma Zélia. Segundo ela, algumas pessoas estavam ingressando com ações judiciais pedindo o benefício antes mesmo de expirar o prazo legal de 45 dias, sabendo que havia chance de sucesso.

‘Servidor tem de produzir mais e melhor’

O INSS trabalha em três frentes para agilizar o atendimento dos pedidos dos benefícios e cumprir os prazos acertados em acordo com o Ministério Público Federal, a Defensoria Pública da União e homologado pelo Supremo Tribunal Federal. São elas: aumento para no mínimo 40% dos servidores na frente de trabalho das análises dos pedidos, metas individuais de produtividade e maior automatização dos processos com o aumento da velocidade dos sistemas de processamento de dados. A seguir, os principais trechos da entrevista exclusiva com o presidente do INSS, Leonardo Rolim.

O que o INSS está fazendo para cumprir o prazo de 45 dias para análise do benefício?

O INSS tinha um prazo legal de 45 dias e acima do qual começa a correr correção monetária. Agora, colocamos um prazo mais realista, se passar dos 45 dias continua tendo o direito a correção monetária, porém há um prazo que, de fato, o INSS tem de cumprir.

Como?

Com uma série de estratégias. Uma primeira é ter mais servidores na análise de requerimentos. Fizemos um conjunto de ações com os gerentes e superintendentes para criar metas e compromissos para análise. Colocamos como meta, no mínimo, 40% dos servidores do INSS estarem na análise. Mas não adianta só ter mais pessoas. Elas têm de produzir mais e melhor.

De que forma?

Criamos um programa de capacitação e mentoria. Cada servidor mais experiente vai ter um grupo de dez servidores com menor produtividade que ele vai orientar. Estamos chamando de projeto-anjo.

O que mais pode ser feito para melhorar o atendimento?

Vamos também aumentar a automatização dos processos. Temos um volume razoável de processos que já é concedido de forma automatizada. Estamos ampliando para aumentar o número de situações onde isso pode ocorrer.

E como resolver os problemas de atendimento nas agências?

Aquele que precisar de algum atendimento do INSS e não conseguiu resolver no 135 nem pelo aplicativo, ele vai na agência, sem agendar. Lá, ele vai passar no autoatendimento orientado.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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