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‘Cobra Kai’ mira a nostalgia e surfa na audiência ao rever o clássico infantil ‘Karatê Kid’

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – “Ai, meu Deus.” É assim que Daniel LaRusso reage quando vê Ali Mills pela primeira vez depois de décadas afastados, em “Cobra Kai”. Foram essas mesmas palavras que a intérprete da personagem, por sua vez, usou quando reencontrou o colega ator no set de filmagem da série, também anos depois de se verem pela última vez.

Inspirada no clássico oitentista “Karatê Kid: A Hora da Verdade”, “Cobra Kai” se tornou um fenômeno global nos últimos anos, ao resgatar a trama de 1984 sobre um garoto magrinho e pouco descolado que, para se defender de valentões, aprende caratê com o experiente e lendário senhor Miyagi.

Lançada em 2018 como uma produção original do YouTube, a série ganhou sua terceira temporada no primeiro dia de 2021, mas dessa vez com o selo da Netflix, que a comprou no ano passado. Desde então, a nova leva de episódios virou habitué dos rankings de mais vistos da plataforma, em boa parte por agarrar com força tudo o que deu certo no filme original.

A história de superação está lá, bem como a ação frenética dos golpes de artes marciais, os dilemas da vida adolescente e o elenco original de “Karatê Kid”. Na nova trama, os rivais do filme, vividos por Ralph Macchio e William Zabka, cresceram e agora dão aulas de caratê para equipes adversárias.

Eles reprisam seus papéis desde a temporada seminal de “Cobra Kai”. Neste terceiro ano de série, o aguardado e tão pedido retorno foi o de Elisabeth Shue como Ali Mills, a colegial bonitinha e disputada que serve de pivô da briga entre os dois protagonistas.

“Foi como uma reunião da turma da escola, porque nós não nos víamos havia muito tempo. E o engraçado é que a primeira coisa que eu disse para o Ralph Macchio quando o vi no set foi exatamente o que o personagem dele diz quando me vê em ‘Cobra Kai’. É uma expressão tão corriqueira, mas que sumariza bem quão chocante e maravilhoso foi nos vermos”, diz Shue sobre o “ai, meu Deus” que soltou em seu primeiro dia de gravação.

Ela conta que a última vez que tinha visto o ator foi em 1986. Já William Zabka, o valentão Johnny Lawrence, chegou a esbarrar nela durante uma feira de cultura pop há cerca de três anos. Ele promovia a primeira temporada de “Cobra Kai”, enquanto ela, a de “The Boys”, trama de super-heróis do Amazon Prime Video.

Shue já era fã de “Cobra Kai” antes mesmo de receber o convite para retornar ao universo das artes marciais. Ela é mãe de três jovens da geração Z, que não tinham escolha a não ser assistir à série, seja pela popularidade entre seus companheiros de faixa etária ou pelo fato de a mãe deles ter, de certa forma, originado a trama. Shue acompanhava os episódios junto deles, mesmo sem saber se eventualmente integraria seu elenco.

Essa capacidade que “Cobra Kai” tem de trazer pais e filhos, gerações diferentes, para a frente da televisão, diz a atriz, é provavelmente o que torna a série um sucesso –vale lembrar que uma quarta temporada vem aí.

“As pessoas da minha geração se lembram de ‘Karatê Kid’, foi um filme que fez parte da infância delas, então ‘Cobra Kai’ oferece uma oportunidade de nos conectarmos a essa cultura dos anos 1980, enquanto nossos filhos estão descobrindo o filme original pela primeira vez”, afirma. “E há também um pouco de mágica envolvida.”

Essa mágica, ela brinca, é o que permite que alguns filmes se tornem atemporais, enquanto outros caem no esquecimento. Olhando para o currículo de Shue, este é o caso não só de “Karatê Kid”, mas de outras pérola oitentista que ela estrelou -a trilogia “De Volta para o Futuro”, em que viveu a namorada do protagonista Marty McFly no segundo e no terceiro filme.

Esses são só alguns dos longas daquela década que ainda hoje encontram bases de fãs sólidas, formadas tanto por quem os assistiu no lançamento quanto pelas gerações mais novas. Os anos 1980, aliás, estiveram em alta recentemente no cinema e na TV.

Alguns dos bastiões da década, como o próprio “Karatê Kid”, é claro, foram revisitados em novas produções. O mesmo aconteceu com “Footloose”, por exemplo, que ganhou remake em 2011, e com “Os Goonies” e “Gremlins”, que devem virar série de TV em breve. Já a estética da década contaminou histórias novas, que decidiram pôr seus personagens nos anos 1980, como a série “Stranger Things” e os dois novos filmes de “It: A Coisa”.

Segundo Shue, a inocência daqueles tempos já tão longínquos desperta o interesse de criadores e de público. A falta de internet e das redes sociais, diz, permitia que as crianças da época fossem mais livres e que vivessem aventuras mais emocionantes.

“Eu sinto que eram tempos mais vivos, mais selvagens, em que as pessoas tinham que se encontrar sem a ajuda da internet. Eu não entendo muita coisa sobre as redes sociais, mas eu vejo o efeito que elas têm nos meus filhos e isso é algo complicado.”

Um dos criadores de “Cobra Kai”, Josh Heald, faz coro ao celebrar essa onda de nostalgia oitentista. Segundo ele, além dos motivos elencados por Shue, há ainda o fato de muitos dos diretores, roteiristas e produtores de hoje terem crescido nos anos 1980, sendo eles fortemente influenciados pelos filmes do período. É o caso de Heald.

“As crianças que cresceram naquela época hoje são cineastas. Mas a produção do período também foi incrível e provou ser atemporal. Eu não falo só de ‘Karatê Kid’, mas de ‘Star Wars’, ‘Indiana Jones’ e tantos outros filmes. Todos eles fazem se sentir bem, se sentir otimista. E juntar isso com a tecnologia que temos hoje é ótimo”, diz sobre as possibilidades que ele agora explora com “Cobra Kai”.

COBRA KAI

Onde Disponível na Netflix

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