Brasil

Araújo conversa por telefone com novo secretário de Estado dos EUA

O Ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, teve nesta quinta-feira sua primeira conversa telefônica com Antony Blinken, secretário de Estado do governo do novo presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, no primeiro contato oficial de alto nível entre o governo brasileiro e a administração que tomou posse em janeiro na Casa Branca.

Em sua conta no Twitter, Araújo afirmou que a conversa foi “100% produtiva”.

“Ficou claro que há excelente disposição e amplas oportunidades para continuarmos construindo uma parceria profunda entre o Brasil e os Estados Unidos”, escreveu o ministro. Encontramos convergência de visões sobre a centralidade da democracia e grande empenho em trabalhar juntos nas questões do comércio, do clima e promoção dos direitos humanos. EUA seguem sendo parceiro-chave na transformação do Brasil em torno da liberdade econômica e política.”

O telefonema vinha sendo negociado entre o Itamaraty e o Departamento de Estado norte-americano há cerca de duas semanas e depois de algumas idas e vindas foi marcado para a manhã desta quinta. Depois do telefonema, o Itamaraty confirmou a conversa em nota nas redes sociais.

Segundo o ministério, no telefonema foram tratados temas como investimentos, defesa e promoção da democracia, meio ambiente, direitos humanos e enfrentamento da pandemia de Covid-19.

Depois de uma relação pouco harmônica com membros do Partido Democrata de Biden durante a campanha eleitoral norte-americana, o governo do presidente Jair Bolsonaro tenta abrir pontes com a gestão Biden. Durante toda a campanha –e desde sua primeira visita aos EUA, em março de 2019– Bolsonaro deixou claro sua preferência pela reeleição de Donald Trump, de quem é declaradamente admirador.

Na manhã desta quinta, em visita a Alcântara (MA), onde fica a base de lançamento de foguetes atualmente utilizada pelos norte-americanos, depois de um acordo assinado em 2019, Bolsonaro aproveitou uma pergunta sobre o tema para mostrar que espera a continuação da boa relação com os EUA.

“O povo americano é realmente voltado para os interesses de sua nação. Muda governo, pouca coisa muda. Acredito que todos os acordos que assinamos com o governo Trump serão mantidos no governo Biden. Porque, afinal de contas, todos nós ganhamos, não só os americanos mas o Brasil também”, afirmou.

Depois dos resultados da eleição presidencial norte-americana, o presidente brasileiro foi um dos últimos a cumprimentar o democrata pela eleição, o que fez apenas depois da confirmação do resultado pelo Congresso dos EUA. Bolsonaro ainda repetiu, mais de uma vez, as acusações falsas levantadas por Trump de que a eleição havia sido fraudada.

No final de janeiro, depois da posse de Biden, o governo brasileiro passou a tentar uma aproximação mais concreta. No dia da posse, em 20 de janeiro, Bolsonaro enviou a Biden uma carta de três páginas falando do interesse do Brasil em continuar a relação próxima com os norte-americanos e adotando um tom conciliatório, depois de dias de desconfiança entre as partes.

Até agora, no entanto, não houve contato entre os dois presidentes. Biden tem conversado por telefone com vários líderes mundiais, mas o Brasil ainda não apareceu na lista.

O governo brasileiro tem algumas preocupações centrais na relação com o governo dos EUA, que agora passa a ser não tão simpático a Bolsonaro quanto Trump. A principal delas, manter o apoio norte-americano à entrada do Brasil na Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

Recentemente, denúncias da ONG Human Rights Watch sobre a política ambiental brasileira fizeram com que o comitê de política ambiental da OCDE adiasse a análise da adesão do Brasil.

E a questão ambiental é também um ponto de contencioso com o novo governo dos EUA. Biden criticou o desmatamento na Amazônia ainda na campanha eleitoral e chegou a dizer que poderia impor sanções ao Brasil se a situação não melhorasse. Meio Ambiente e mudanças climáticas são duas questões centrais para o governo Biden, que levou os EUA de volta ao Acordo de Paris sobre o clima, abandonado por Trump.

O governo brasileiro tem como outro ponto de preocupação a manutenção das negociações de abertura comercial com os norte-americanos. Recentemente, o Brasil assinou acordos para facilitar o comércio com a alteração em barreiras não tarifárias, a equipe econômica do governo Bolsonaro ainda mantém esperanças de chegar em um acordo de livre comércio com os EUA.

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