Agro

Plantio de trigo na Argentina enfrenta concorrência da cevada e pressão política

O plantio de trigo na Argentina deve diminuir neste ano, à medida que agricultores calculam o risco de intervenções estatais no mercado e uma nova demanda da China por cevada tende a levar alguns produtores a alterar as culturas semeadas.

Tradicional fornecedora de cevada da China, a Austrália foi colocada de lado por causa de uma disputa comercial bilateral. Com isso, a Argentina se torna uma fornecedora-chave, ao lado da França e do Canadá, da maior importadora de commodities do mundo.

Trigo e cevada concorrem pela área de semeadura na Argentina. Ambos são plantados por volta da metade do ano.

“A cevada será uma alternativa para quem quer reduzir os riscos regulatórios para a temporada que está começando, embora essa opção só esteja disponível em algumas áreas agrícolas”, disse Ezequiel De Freijo, economista-chefe da Sociedade Rural Argentina, que representa alguns dos maiores agricultores do país.

Os produtores passaram por um período agitado no início deste ano, quando o governo brevemente limitou as exportações de milho, em uma tentativa de conter a inflação. Além disso, o Ministério da Agricultura local recuou de um plano de aumento dos impostos de exportação do trigo após uma resistência furiosa dos agricultores.

“Eles mostraram flexibilidade quando enfrentaram uma resistência inesperada”, disse Jorge Chemes, presidente das Confederações Rurais da Argentina. “Não estamos em pé de guerra, mas precisamos ficar vigilantes.”

Com o governo desesperado para arrecadar dinheiro e manter os preços dos alimentos baixos, produtores ainda temem que o presidente Alberto Fernández possa intervir no mercado do trigo.

“É um fato que a próxima safra de trigo enfrentará mais incertezas regulatórias”, afirmou De Freijo.

A cevada se coloca como uma alternativa atraente nesta temporada, já que a China –privada de sua tradicional oferta australiana– tem adquirido grandes volumes de grãos para reconstruir seu rebanho de suínos após uma epidemia de peste suína africana.

“A maioria de nós vai se inclinar mais para a cevada neste ano do que no ano passado”, disse Roberto Cameron, agricultor da cidade de Loberia, na província de Buenos Aires. “A maior parte das exportações argentinas de cevada estão indo para a China, pelo menos no futuro previsível.”

Na última temporada, os agricultores argentinos colheram 17 milhões de toneladas de trigo em 6,5 milhões de hectares, segundo a Bolsa de Cereais de Buenos Aires. Já a safra de cevada somou 4,1 milhões de toneladas, com plantio de 900 mil hectares. Previsões para 2021/22 ainda não foram divulgadas.

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