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Milhares escapam após ataque insurgente em cidade produtora de gás de Moçambique

Milhares de pessoas em fuga de um ataque assumido por insurgentes ligados ao Estado Islâmico no norte de Moçambique conseguiram escapar, muitas delas desidratadas, famintas e em choque, disseram agentes humanitários nesta quarta-feira, mas centenas continuam desaparecidas.

Insurgentes atacaram a cidade litorânea de Palma, adjacente a projetos de gás de 60 bilhões de dólares, na semana passada. O ataque provavelmente deslocou dezenas de milhares de pessoas, de acordo com grupos humanitários, e pessoas se espalharam por florestas densas ou tentaram fugir pelo mar.

As fugas continuavam ainda na terça-feira, disseram forças de segurança envolvidas em esforços de resgate e a Organização das Nações Unidas (ONU).

Uma reportagem do canal português RTP mostrou jornalistas em uma viagem organizada pelo governo a Palma, no extremo norte do país, tendo que se agachar e se esconder enquanto tiros eram disparados.

“Foi uma aventura que prova que a guerra continua em Palma”, disse um correspondente na reportagem de terça-feira.

A Reuters não conseguiu verificar de forma independente os relatos de Palma. A maior parte das comunicações com a cidade foi cortada depois que o ataque começou, na quarta-feira passada. Telefonemas ao governo e a autoridades de segurança de Moçambique ficaram sem resposta nesta quarta-feira.

Em um evento também nesta quarta-feira, o presidente moçambicano, Filipe Nyusi, disse que o governo tratará os agressores com “vigor”, dizendo que o ataque não foi o maior que o país do sudeste africano já viu.

A província de Cabo Delgado, onde Palma se localiza, é a sede de uma insurgência islâmica hoje ligada ao Estado Islâmico desde 2017. O grupo jihadista reivindicou o ataque de segunda-feira por meio de sua agência de notícias Amaq.

O governo de Moçambique confirmou dezenas de mortes, entre elas ao menos sete que pereceram quando os militantes emboscaram um comboio de veículos que tentava escapar de um hotel sitiado.

Testemunhas descreveram corpos nas ruas, alguns deles decapitados – mas a escala total das baixas e dos deslocados continua incerta.

Ao menos 800 pessoas continuam desaparecidas desde o ataque da semana passada, de acordo com uma rede de voluntários moçambicanos que ajuda famílias a localizarem entes queridos surpreendidos pela violência.

Um porta-voz da ONU em Nairóbi disse que 5.300 pessoas que fugiram de Palma foram registradas em outros distritos de Cabo Delgado. Mais de 300 outras chegaram à capital provincial Pemba de avião e barco desde terça-feira, disse uma autoridade humanitária graduada radicada em Moçambique.

(Por Emidio Jozine em Pemba em Emma Rumney em Johanesburgo; reportagem adicional de Manuel Mucari em Maputo, Alexander Winning em Johanesburgo, Wendell Roelf na Cidade do Cabo, David Lewis e Maggie Fick em Nairóbi, Giulia Paravicini em Adis Abeba e Catarina Demony em Lisboa)

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