Brasil

PF troca superintendente no Amazonas que pediu investigação de Salles

O diretor-geral da Polícia Federal, Paulo Maiurino, decidiu trocar o superintendente no Amazonas, Alexandre Saraiva, afirmou à Reuters nesta uma fonte com conhecimento do assunto, em decisão que vem à tona após Saraiva pedir ao Supremo Tribunal Federal (STF) a investigação do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, por crimes ligados à venda ilegal de madeira.

Saraiva enviou ao STF um documento para a corte avaliar se abre uma investigação criminal contra Salles. O ministro detém foro privilegiado e só pode responder por crimes de natureza penal perante o Supremo.

Nas 38 páginas da notícia crime, obtida pela Reuters, o ministro do Meio Ambiente é apontado como defensor dos madeireiros, desacreditando as investigações da Operação Handroanthus, realizada em dezembro passado e que obteve uma apreensão recorde de madeira.

O documento afirma que Salles chega a respaldar documentos supostamente fraudados de aquisição de madeira.

O texto enviado por Saraiva afirma que “resta patente” que Salles “de forma consciente e voluntária, e em unidade de desígnios”, dificulta “a ação fiscalizadora do Poder Público no trato de questões ambientais, assim como patrocina interesses privados (de madeireiros) e ilegítimos perante a administração pública, valendo-se de suas qualidades de funcionário público”.

Procurado, Salles não se manifestou sobre o documento.

MOTIVAÇÃO

A fonte que confirmou à Reuters a decisão de trocar Saraiva, que falou sob condição de anonimato, afirmou, no entanto, que a substituição do superintendente no Amazonas foi comunicada na quarta, antes de Saraiva enviar a notícia crime contra Salles ao Supremo.

Ela disse ainda que o relatório de Saraiva contra Salles não foi a razão determinante para a troca, e reconheceu que o superintendente vinha passando por um processo de desgaste. A fonte afirmou ainda que Saraiva está já há quatro anos no posto e disse que ele será substituído pelo delegado Leandro Almada, atualmente lotado em Minas Gerais e que já trabalhou diretamente com Saraiva no Amazonas.

A mudança, conforme a fonte, está inserida no contexto das trocas que o novo diretor-geral da PF vem fazendo em postos-chave. Saraiva foi convidado a ocupar um cargo de adido policial no exterior, mas ainda não definiu se vai, conforme a fonte.

A mudança já teve repercussão no Congresso. A bancada do PSOL anunciou que vai apresentar uma representação no Ministério Público Federal contra o diretor-geral da PF em razão da troca.

Segundo o partido, a medida é uma retaliação pelas críticas feitas por Saraiva a Salles.

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