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Inauguração por Bolsonaro de obra inacabada no AM vira ato em desagravo a Pazuello, alvo da CPI da Covid

MANAUS, AM (FOLHAPRESS) – No momento em que o Brasil se aproxima dos 400 mil mortos pela Covid, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) viajou até Manaus nesta sexta-feira (23) para inaugurar um centro de convenções inacabado com capacidade para 10 mil pessoas.

A visita virou um ato de desagravo ao ex-ministro Eduardo Pazuello (Saúde), que é de Manaus. Ovacionado cinco vezes por dezenas de simpatizantes de Bolsonaro aglomerados em um dos cantos do centro de convenções, o general foi elogiado por Bolsonaro e pelo ministro do Turismo, Gilson Machado.

Ao final, os simpatizantes gritaram “Pazuello governador”. O ex-ministro é dos principais alvo da CPI da Covid, que será instalada no Senado na próxima terça-feira (27) e que irá apurar ações e omissões do governo federal na pandemia, além de repasses federais a estados e municípios.

O presidente falou por apenas cinco minutos. Além da menção positiva a Pazuello, presente entre as autoridades do evento, o presidente repetiu que o país “começou a sair das garras da nefasta esquerda brasileira” e que, se o petista Fernando Haddad fosse presidente, “estaríamos em um lockdown nacional. Graças a Deus, isso não aconteceu.”

A agenda presidencial desta sexta-feira em Manaus incluiu um encontro com líderes evangélicos e a distribuição simbólica de cestas básicas.

Mais efusivo, Machado (Turismo) chamou Pazuello para o centro do palco em meio a elogios: “Cadê o general Pazuello? Cadê ele? Venha cá. Eu fui testemunha da luta desse homem pela erradicação da doença no nosso país”.

Esta foi a primeira viagem de Bolsonaro ao Amazonas desde que o sistema local de saúde colapsou, em janeiro, devido à segunda onda da epidemia. O presidente, porém, não fez nenhuma referência à morte de 6.600 pessoas no primeiro trimestre e um dos índices de óbito per capita mais elevados do mundo.

Na entrada do centro de convenções, Bolsonaro falou brevemente aos jornalistas para agradecer o título de Cidadão Amazonense concedido pela Assembleia Legislativa, aprovado com 14 votos a favor e apenas um voto contrário.

O Centro de Convenções do Amazonas Vasco Vasques começou a ser construído em 2015 e custou R$ 40 milhões, vindos do Ministério do Turismo, e R$ 224 mil do governo estadual. Faz parte do complexo da Arena da Amazônia, erguido para a Copa do Mundo de 2014, no governo Dilma Rousseff (PT). Desde então, a estrutura tem sido subutilizada.

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Apesar da inauguração com Bolsonaro, o saguão da cerimônia, no entanto, ainda não havia acabamento. As paredes, de blocos de concreto, estavam sem reboco. Cinco pilares e um parede estavam com remendos de cimento. O governo estadual diz que 99% das obras estão prontas.

Havia distanciamento entre cadeiras reservadas a jornalistas e convidados, mas a organização permitiu a entrada de dezenas de simpatizes de Bolsonaro, que se aglomeraram em um dos lados do salão, com bandeiras do Brasil e de Israel. Alguns tiravam a máscara para gritar em coro “mito”, “eu vim de graça” e “fora, Globo lixo”, além do hino nacional.

Apesar da inauguração com Bolsonaro, o saguão da cerimônia, no entanto, ainda não estava sem acabamento. As paredes, de blocos de concreto, não tinham reboco. Cinco pilares e um parede estavam com remendos de cimento. O governo estadual diz que 99% das obras estão prontas.

Havia distanciamento entre cadeiras reservadas a jornalistas e convidados, mas a organização permitiu a entrada de dezenas de simpatizes de Bolsonaro, com bandeiras do Brasil e de Israel. Alguns tiravam a máscara para gritar em coro “mito”, “eu vim de graça” e “fora, Globo lixo”, além do Hino N acional.

Tampouco há pressa para o uso. Por causa da epidemia, as convenções estão proibidas no Amazonas por tempo indeterminado. O local , com quatro andares, tem capacidade para receber 10 mil pessoas.

O turismo no Amazonas tem interessado o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos/RJ) e o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL/SP). Em setembro, os dois filhos do presidente inspecionaram as obras na companhia do governador Wilson Lima (PSC), em uma agenda focada no turismo.

À época, Flávio Bolsonaro defendeu a abertura de cassinos na Amazônia. “O que nós ouvimos em Las Vegas é que há um grande interesse que esses grandes players do turismo invistam pesado nessa área em estados como São Paulo, Rio de Janeiro e Amazonas”, disse, em evento para a “retomada turística” no estado.

A viagem desta sexta ocorreu uma dia após o presidente ter participado da Cúpula do Clima, convocada pelo colega norte-americano, Joe Biden, e realizada de forma virtual. No discurso, disse que é preciso solucionar o “paradoxo amazônico” de melhorar o baixo índice de desenvolvimento humano na “região mais rica do país em recursos naturais”.

Bolsonaro também fez a entrega simbólica de cestas básicas. O Ministério da Cidadania promete distribuir a 121 mil famílias de comunidades tradicionais do estado.