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COLUNA- Padrão mais úmido em maio pode não afetar planos de produtores dos EUA para o milho

Os agricultores dos Estados Unidos estão adiantados no plantio das safras de milho e soja 2021 no início de maio, mês mais movimentado da semeadura no país. As previsões não apontam para um tempo exatamente aberto para facilitar os trabalhos nas próximas semanas, mas os preços atrativos podem ofuscar essas imperfeições.

As condições generalizadas de solo seco têm sido tanto uma bênção quanto uma maldição, já que o plantio fica mais eficiente, mas a pressão por umidade suficiente mais adiante aumenta. Uma mudança para um padrão mais úmido neste momento ajudaria as áreas recém-semeadas e não necessariamente prejudicaria os planos de plantio, dado o grande potencial de lucro.

Até domingo, cerca de 46% da safra de milho dos EUA estava semeada, ante 17% na semana anterior e média histórica de cinco anos de 36%. Analistas estimavam o progresso do plantio em 44%.

Até o momento, o plantio de milho 2021 segue em ritmo muito semelhante ao de 2015, quando 50% da safra havia sido semeada até esta data. O progresso acima da média foi mantido ao longo de maio de 2015, apesar de os Estados do Meio-Oeste terem registrado chuvas um pouco acima da média.

Essa é uma boa notícia para os trabalhos deste ano, porque as previsões sugerem um padrão climático mais ativo pelo menos até meados do mês. Após um mês de abril completamente seco, as chuvas seriam muito positivas em diversas áreas, embora qualquer precipitação mais forte ou persistente possa afetar o progresso do plantio.

O mercado ainda espera verificar um aumento notável nas áreas semeadas com milho e/ou soja em pesquisa programada para junho, após as intenções de plantio reportadas em março ficarem bem abaixo das projeções –ainda que hectares de milho não costumem ser adicionados durante um mês de maio chuvoso.

Mas as comparações com temporadas anteriores podem ficar fora da janela ideal, já que os contratos futuros do milho para a nova safra engataram um rali sem precedentes nos últimos dois meses, complicando ainda mais os cenários possíveis para a área cultivada –tanto para a pesquisa de junho quanto para o número final.

MAIS ACRES COM MILHO?

Nos últimos 40 anos, as áreas finais plantadas com milho foram maiores do que as intenções de plantio vistas em março em 15 ocasiões. As precipitações de maio ficaram materialmente acima da média em apenas dois desses 15 casos: 2004 e 2017. O ganho de área cultivada em 2017 foi mínimo, embora a adição de 2004 seja um grande “outlier” quando considerado o clima.

O ano de 2004 registrou o mês de maio mais chuvoso no Meio-Oeste em 126 anos, e a área final de milho avançou em quase 2 milhões de acres frente às intenções reportadas naquele ano. O progresso do plantio, porém, também foi veloz em 2004, graças à seca vista em abril, e a semeadura atingia 84% do total em 9 de maio, ainda um recorde para a data.

O plantio tardio e em solos muito úmidos aumenta os riscos para a produtividade do milho, e isso foi confirmado em 2019, que teve resultados decepcionantes. No entanto, a safra de 2004 atingiu –de longe– um rendimento recorde, com um clima ideal no verão (do Hemisfério Norte), permanecendo até hoje entre as colheitas mais impressionantes.

NOVO NORMAL DA SOJA

Não há uma grande correlação entre os ganhos ou perdas de área da soja nos EUA e as precipitações de maio, provavelmente devido à capacidade dos agricultores de plantar a oleaginosa com sucesso em junho, se necessário. Mas, no ritmo verificado neste ano, é possível que não haja mais soja para se plantar até o final deste mês.

Cerca de três quartos do plantio de soja nos EUA costumam ser concluídos até o final de maio, com exceção da safra de 2019, super atrasada. Até domingo, cerca de 24% da safra havia sido semeada, ritmo recorde para a data e bem acima da média de cinco anos, de 11%.

Mas os agricultores estão realmente à frente do ritmo normal ou o “normal” já não é mais representativo? Os produtores norte-americanos normalmente plantam milho antes da soja, já que o cereal semeado posteriormente possui mais ameaças à produtividade, mas agora muitos estão optando por plantar soja primeiro, pois isso foi creditado como motivo para produtividades maiores nos últimos anos.

Se este realmente for um novo normal, ele acrescenta nuances às referências históricas, que podem não informar tão bem sobre os resultados potenciais. Mas é interessante notar que, nas últimas décadas, as áreas finais de soja eram menos propensas a ser maiores do que nas perspectivas de março sempre que o progresso do plantio se mantinha à frente do normal entre o início e meados de maio.

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