Economia

ONS dobra estimativa de geração térmica em meio a crise de chuva em hidrelétricas

O Brasil deverá acionar na próxima semana usinas termelétricas com geração de 8,95 gigawatts médios, projetou nesta sexta-feira o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), que praticamente dobrou a estimativa da semana anterior (4,5 GW médios), em meio a um cenário de crise hidrológica no país.

As chuvas na região das usinas hídricas, principal fonte de energia do Brasil, está estimada em apenas 61% da média história para o mês de maio no Sudeste e no Centro-Oeste, que concentram os maiores reservatórios, enquanto a região Nordeste, segunda em capacidade de armazenamento, deve receber apenas 36% da média.

As projeções, em boletim do ONS nesta sexta-feira, representam leve redução frente à semana anterior, quando eram vistas precipitações em 64% da média no Sudeste e 40% no Nordeste, e ainda seguem-se a meses de hidrologia desfavorável no Brasil.

O período de chuvas que tradicionalmente vai de novembro a abril foi visto pelo ONS nesta temporada como o pior para o setor elétrico em duas décadas, enquanto as precipitações no acumulado desde setembro passado são as piores de um histórico iniciado em 1931.

O cenário já tem resultado em maior custo para consumidores, uma vez que o despacho de usinas termelétricas pressiona as contas de luz e ainda leva ao acionamento das chamadas bandeiras tarifárias, que geram cobranças adicionais na tarifa quando a oferta de energia no sistema é maior.

A situação entrou no radar do presidente Jair Bolsonaro, que no começo do mês disse que o país vive “a maior crise hidrológica da história” no setor de energia, prevendo que o quadro poderia gerar “dor de cabeça”.

O Ministério de Minas e Energia, no entanto, tem afirmado que não há riscos de suprimento, embora o chefe da pasta Bento Albuquerque tenha admitido em entrevista recente que o atendimento à demanda exigirá “medidas excepcionais”.

As projeções do ONS apontam que os reservatórios do Sudeste devem encerrar maio com 31,7% da capacidade, contra quase 34% atualmente e 32% ao final do mês vistos na projeção anterior.

CARGA

O ONS cortou ligeiramente perspectivas para a carga de energia do Brasil neste mês, mas ainda apontou para um forte avanço de 10,4% em base anual, com a comparação favorecendo o desempenho devido a maiores índices de isolamento registrados no país em maio passado, diante da pandemia de coronavírus.

Embora diversos governadores e prefeitos tenham voltado a decretar medidas mais restritivas neste ano, diante de um agravamento das infecções pelo país, houve impacto bem menor sobre as atividades econômicas.

Na semana anterior, o ONS projetava salto de 11,4% na carga em maio em base anual, com alta de pouco mais de 12% no Norte e Sul e levemente acima de 11% no Sudeste e Nordeste.

Agora, o órgão do setor de energia reduziu números em todas regiões e vê elevação de 10,8% no Sudeste, com 9,8% no Sul e 8,8% no Nordeste. O Norte deve ter o melhor desempenho, com aumento de 12%.

(Por Luciano Costa)

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