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Dólar recua contra real com perspectiva de alta da Selic e caminha para perda semanal

O dólar trabalhava em queda contra o real nesta sexta-feira, depois de apresentar forte desvalorização na véspera, enquanto os participantes do mercado avaliavam as perspectivas de juros domésticas e digeriam dados importantes sobre a inflação nos Estados Unidos.

Às 10:36, o dólar recuava 0,50%, a 5,2292 reais na venda, caminhando para perda semanal após fechar a última sexta-feira em 5,3554 reais.

O contrato mais líquido de dólar futuro perdia 0,20%, a 5,529 reais.

Entre os fatores de atenção no último dia da semana, Luciano Rostagno, estrategista-chefe do banco Mizuho, citou a notícia de que o Índice Geral de Preços-Mercado (IGP-M) acelerou a alta a 4,10% em maio, depois de avanço de 1,51% em abril, refletindo uma disparada nos preços das commodities.

“A gente teve o IGP-M um pouco acima do esperado, o que deu alguma força para o real, já que os sinais de inflação aumentam a expectativa de que o Banco Central não vai fazer uma pausa no seu ciclo de normalização da política monetária”, explicou.

No início deste mês, o BC anunciou a segunda alta consecutiva de 0,75 ponto percentual na taxa Selic, para 3,50%, e indicou a intenção de fazer novo aperto da mesma magnitude em sua próxima reunião, em junho. A autarquia já comunicou que o ciclo de alta visa uma normalização parcial da política de juros, mas a linguagem adotada pode ser alterada em caso de mudança de cenário.

Um cenário de juros mais altos no Brasil tende a favorecer a moeda doméstica — especialmente se os custos dos empréstimos continuarem baixos nos Estados Unidos — já que pode atrair investidores estrangeiros em busca de retornos mais elevados.

Nesta manhã, dados norte-americanos mostraram que a inflação ao consumidor nos Estados Unidos acelerou no ano até abril, com uma leitura do núcleo da inflação ultrapassando a meta de 2% do Federal Reserve.

Temores sobre uma inflação sustentada elevaram o ruído em torno da política monetária do Federal Reserve nas últimas semanas, com vários investidores apontando para a possibilidade de que o banco central norte-americano endureça sua postura mais cedo do que o esperado de forma a conter as pressões sobre os preços, o que poderia impulsionar a moeda norte-americana.

Nesta manhã, o índice do dólar contra uma cesta de moedas subia 0,3%, mas sua força não contaminou o mercado de câmbio brasileiro.

Segundo Rostagno, isso pode ser resultado de dados domésticos recentes melhores do que o esperado. “A atividade econômica têm surpreendido para cima e isso compensa preocupações com a dívida pública.”

Ele acrescentou que os investidores ficarão de olho nos próximos comentários de autoridades do Fed, que podem ter o potencial de alterar a direção do dólar contra o real.

A moeda norte-americana à vista fechou a quinta-feira em queda de 1,08%, a 5,2554 reais, menor patamar desde 11 de maio.

O Banco Central fará neste pregão leilão de swap tradicional para rolagem de até 15 mil contratos com vencimento em novembro de 2021 e março de 2022.

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