Últimas Notícias

Festival In-Edit tem produções sobre Bob Dylan e Jair Rodrigues

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O 13º Festival In-Edit Brasil começa nesta quarta (16), com programação toda online pelo segundo ano consecutivo, e pagando tributo a um dos gigantes do documentário musical, que é o foco do evento desde seu início. O diretor D.A. Pennebaker é o destaque, com dois de seus muitos filmes seminais para o gênero, “Dont Look Back” e “Monterey Pop”.

Mais de 50 documentários serão disponibilizados ao público, que pode acessá-los durante intervalos de alguns dias no site do festival. São quatro mostras agendadas até o encerramento, no dia 27. Apenas as sessões do Panorama Mundial, com longas estrangeiros, terão cobrança de ingresso, a R$ 3. São gratuitas, sujeitas a limites de visualização simultânea, as sessões do Panorama Brasileiro, dividido em Competição Nacional, Mostra Brasil e Curtas Brasileiros.

Morto em 2019, aos 94 anos, Don Alan Pennebaker criou nos anos 1960 um estilo de documentário musical que foi escola para outros diretores por décadas. Ele gostava de intervir pouco no que seus personagens faziam, sua grande preocupação era grudar neles o maior tempo possível.

Além de talento para captar imagens e editá-las, o cineasta foi um exemplo daquele artista que parecia estar sempre no lugar certo e na hora certa.

Em 1965, acompanhou a turnê inglesa de Bob Dylan, registrada em “Dont Look Back”, lançado dois anos depois. Foi um período de grande expansão da fama de Dylan, recém-convertido à guitarra elétrica, o que fez seu público folk aumentar muitas vezes com a plateia roqueira. O filme tem momentos íntimos, como Dylan tocando em quartos de hotel, que nunca seriam alcançados novamente na carreira da lenda.

Mais tarde, no Festival Monterey Pop, em 1967, ele comandou vários amigos que o ajudaram a captar imagens do evento, editadas posteriormente com maestria. E a história do rock estava mais uma vez diante da câmera de Pennebaker.

O evento foi responsável por mostrar ao grande público a então novata Janis Joplin, trazer aos americanos a banda inglesa The Who e levar ao mundo a fúria de outra cara nova, Jimi Hendrix. A apresentação do guitarrista terminou com ele ateando fogo a seu instrumento, numa cena para as antologias. Depois, Hendrix arremessou ao público o pedaço que sobrou do braço da guitarra, e o rock nunca mais foi o mesmo.

Em 1972, o diretor registrou em filme o show no qual David Bowie exibiu a persona andrógina Ziggy Stardust. Sua composição cênica de uma estrela de rock alienígena transformou Bowie em monstro sagrado do pop. Pennebaker filma tudo com urgência e alguma sujeira visual, aumentando a força das canções clássicas do álbum “The Rise and Fall of Ziggy Stardust and the Spiders from Mars”.

Premiado com um Oscar especial em 2013 pelo conjunto da obra, Pennebaker dirigiu seu último filme em 2016, “Unlocking the Cage”, que trata da defesa dos direitos dos animais. Como muitos trabalhos, esse foi codirigido por Chris Hegedus, viúva do cineasta, que participará de um debate virtual no In-Edit. Estão na programação “Dont Look Back” e “Monterey Pop”.

O festival começa na quarta (16) a partir das 20h, quando o público poderá assistir a “Moby Doc”, de Rob Gordon Bralver. Recém-concluído, o filme acompanha a jornada do músico Moby da infância solitária e adolescência muito pobre, passando por perrengues em Nova York, até chegar ao estrelato pop como um dos nomes mais criativos da cena atual. É praticamente uma versão em imagens da vibrante autobiografia publicada por Moby.

A mostra de longas estrangeiros pode agradar fãs de perfis variados. “Rockfield – A Fazenda do Rock”, de Hannah Berryman, desvenda os segredos de um lendário estúdio construído numa propriedade rural no País de Gales. O ar mítico do local já atraiu de Ozzy Osbourne a Stone Roses. Pelo menos dois clássicos incontestáveis do rock foram criados ali: “Bohemian Rhapsody”, do Queen, e ‘Wonderwall”, do Oasis.

A lista de músicos que são temas de documentários inclui Phil Lynott, do Thin Lizzy (“Songs for While I’m Away”), a punk Poly Styrene, do X-Ray Spex (“Poly Styrene: I Am a Cliche”), Shane MacGowan, carismático vocalista da banda irlandesa The Pogues (“Crock of Gold: A Few Rounds with Shane Macgowan”), Suzi Quatro, lendária pioneira do rock feminino (“Suzi Q”), e o elogiado “The Go-Go’s”, sobre a banda de garotas que estourou mundialmente no início dos anos 1980.

Entre os brasileiros, o foco passa, entre outros, por Alzira E, Luiz Melodia, Jair Rodrigues, João Bosco & Aldir Blanc, Paulo César Pinheiro e duas bandas históricas do rock nacional que não têm muito material visual facilmente encontrável: a perseverante Made in Brazil, na estrada há cinco décadas, e o furacão efêmero do Secos & Molhados. Haverá uma programação paralela de shows.

*

“Dont Look Back” e “Monterey Pop”

Capítulos essenciais da história da música pop expostos em dois longas de D.A. Pennebaker. O primeiro, de 1967; o segundo foi lançado em 1968.

American Rapstar

Uma boa olhada no novo hip hop, que acerta o tom ao relacionar os caminhos do gênero musical com o desenvolvimento da internet.

EUA, 2020. Direção: Justin Staple

Moby Doc

Moby é sempre legal, e sua trajetória mostra como se tornou um artista influente e um ativista incansável.

EUA, 2021. Direção: Rob Gordon Bralver

Rockfield: A Fazenda do Rock

Uma casinha no interior do País de Gales se tornou um estúdio de gravação lendário. Histórias ótimas de Ozzy, Queen, Led Zeppelin e outros que passaram por lá.

EUA, 2020. Direção: Hannah Berryman

Suzi Q

Tem muito pouca coisa documentada sobre Suzi Quatro, que é uma pioneira nessa história de mulheres no rock.

Canada e EUA, 1996. Direção: John Blizek

The Go-Go’s

A banda feminina foi importante no rock, mas durou pouco. As críticas recebidas pelo documentário são ótimas.

EUA, 2020. Direção: Alison Ellwood

Jair Rodrigues – Deixa que Digam

Morto em 2014, Jair é um dos cantores mais populares da história do Brasil e merece uma revisão de sua obra.

Brasil, 2020. Direção: Rubens Rewald

Paulo César Pinheiro – Letra e Alma

O trabalho de letrista do Paulo é fantástico dentro da MPB.

Brasil, 2021. Direção: Andrea Prates e Cleisson Vidal

Secos & Molhados

A banda fez uma fugaz revolução musical e cultural em 1973 e 1974. Como não existe muito material visual do grupo, é sempre interessante ver a lenda em ação.

Brasil, 2000. Direção: Armando Mendz

*

13º IN-EDIT BRASIL

Quando De 16 a 27/6

Onde No site do evento

Link: https://bit.ly/3vphSqJ

To Top