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Dólar passa a subir ante real após proposta sobre dividendos, mas caminha para perda semanal

O dólar subia contra o real nesta sexta-feira após a notícia de que o governo quer introduzir uma tributação sobre dividendos pagos aos investidores, mas ainda caminhava para queda semanal.

O governo brasileiro encaminhou nesta sexta-feira à Câmara dos Deputados sua proposta de reforma do Imposto de Renda (IR), prevendo redução da alíquota sobre empresas, aumento do limite de isenção para pessoas físicas e introduzindo tributação sobre dividendos pagos aos investidores, com alíquota de 20%.

O ministro da Economia, Paulo Guedes, defendeu a taxação dos dividendos aos mais ricos, considerando “inadmissível” que bilionários paguem zero nessa rubrica, enquanto assalariados sentem o maior peso dos impostos.

Às 14:20, na esteira da notícia, o dólar avançava 1,06%, a 4,9583 reais na venda. O dólar futuro de maior liquidez tinha alta de 0,83%, a 4,958 reais.

Thomás Gibertoni, analista da Portofino Multi Family Office, explicou à Reuters que “o mercado de capital fica menos atrativo quando você acaba com a tributação privilegiada, quando se trata de grandes investidores”.

Ele disse que a mudança nos dividendos “pode levar a uma saída de capitais do mercado” doméstico, mas ressaltou que enxerga a alta do dólar nesta sexta-feira apenas como um “susto inicial” em reação à notícia: “O mercado deve se adequar às mudanças mais à frente.”

Enquanto isso, Vanei Nagem, responsável pela Mesa de Câmbio da Terra Investimentos, disse à Reuters que a alta do dólar é também um movimento de realização após a desvalorização recente da moeda norte-americana, que completou quatro quedas diárias consecutivas na quinta-feira.

REAL MAIS FORTE À FRENTE?

A moeda norte-americana chegou a ir abaixo da marca psicológica de 4,90 reais mais cedo, nos primeiros minutos de negociação, tocando 4,8936 na mínima, e caminhava para forte perda semanal, depois de fechar a última sexta-feira em 5,0713.

Até agora em 2021, o dólar já recua cerca de 5% em relação ao real.

Para Mauro Morelli, estrategista da Davos Investimentos, “esse movimento de valorização do real permanecerá, uma vez que juro brasileiro está caminhando para ficar mais alinhado com as condições domésticas”.

Ele explicou que uma taxa Selic mais alta tende a atrair capital para o mercado de renda fixa brasileiro, o que, por sua vez, é benéfico para o real.

Na semana passada, o Banco Central do Brasil promoveu a terceira alta consecutiva de 0,75 ponto percentual da taxa Selic, a 4,25%, e a ata de seu encontro mostrou que o Comitê de Política Monetária (Copom) avaliou a possibilidade de acelerar a alta dos juros, indicando também um possível aperto maior em seu encontro de agosto.

“Acho que o dólar ainda tem espaço para desvalorização, mas muito vai depender do crescimento econômico local e do alívio da pandemia, já que as coisas ainda não estão sob controle”, comentou, ressaltando também que “temos um ruído político alto”.

Entre os fatores políticos que têm chamado a atenção do mercado, Morelli mencionou a CPI da Covid-19, a saída de ministros do governo de Jair Bolsonaro e a aproximação das eleições presidenciais de 2022.

Na quinta-feira, a moeda norte-americana fechou em queda de 1,16%, a 4,9062 reais na venda, mínima desde 9 de junho de 2020 (4,8885 reais).

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