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Dois papas, mesmo hospital, diferentes estilos de privacidade médica

Quando o papa João Paulo II deu entrada no hospital Gemelli, em Roma, no dia 12 de julho de 1992, ele mesmo disse isso ao mundo algumas horas antes, durante seu discurso regular de domingo na Praça de São Pedro.

“Eu gostaria de lhes contar um segredo”, disse ele antes de revelar que entraria no hospital naquela noite. Sua saída do Vaticano, as multidões enfileiradas em sua rota de carreata e sua chegada à entrada principal do hospital em um Mercedes conversível preto foram transmitidos na televisão.

Quando o Papa Francisco entrou no mesmo hospital no domingo passado, o Vaticano anunciou por meio de um comunicado de dois parágrafos depois que ele chegou em um carro pequeno, entrou e já estava sendo preparado para a cirurgia de cólon.

Os dois episódios mostram as diferenças nos estilos dos dois papas de lidar com saúde, privacidade e comunicação.

Desde que Francisco entrou no hospital no domingo, o Vaticano emitiu cinco declarações curtas com informações essenciais.

O comunicado desta quarta-feira informou que sua recuperação foi “normal e satisfatória”, que ele comia regularmente, não estava mais recebendo medicamentos por via intravenosa, e que uma biópsia confirmou que ele estava sofrendo de “estenose diverticular grave” ou estreitamento do cólon.

Quando João Paulo estava no mesmo hospital –quase 10 vezes em seus 27 anos como pontífice– foram os médicos que divulgaram boletins médicos detalhados, conversaram com repórteres no saguão e se tornaram pequenas celebridades no noticiário noturno.

CADA PAPA É DIFERENTE

“Cada pessoa famosa, incluindo um papa, é diferente”, disse uma pessoa que lida com comunicações em uma importante instituição médica na Itália.

“Os hospitais ficam em apuros quando lidam com pessoas famosas porque existem leis rígidas de privacidade, mas o público quer informações. Geralmente, cabe ao paciente decidir o quanto divulgar”, disse a fonte, que falou sob condição de anonimato.

Na manhã de quarta-feira, no Gemelli, havia apenas duas equipes de televisão e um punhado de fotógrafos. Eles foram relegados a um estacionamento e não foram permitidos dentro do saguão.

Durante algumas das estadias de João Paulo II, o saguão tornou-se um redemoinho da mídia, com repórteres de televisão tentando obter frases de efeito dos médicos, pacientes e visitantes.

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