SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Um futuro distópico, mas não tão distante da realidade, é apresentado nas vozes do cantor Seu Jorge, 51, e da atriz Mel Lisboa, 39, no novo podcast de ficção científica original Spotify, Paciente 63. A história começa em 2022, quando um viajante do tempo chega do futuro para alertar sobre o fim do mundo.
O paciente 63, Pedro Roiter, tem uma voz já conhecida por muitos brasileiros, de músicas como Burguesinha (2007) e Amiga Da Minha Mulher (2011). Seu Jorge conta que é sua primeira experiência trabalhando apenas com a voz e que aprendeu muito durante o processo.
Nesse negócio eu tinha a Mel, o texto e o microfone, brinca. Sei da memória do público brasileiro em relação às radionovelas, que eram feitas de forma diferente, ao vivo, pontua o cantor, ressaltando que hoje é possível adicionar elementos na pós-produção e refazer o que não estava bom. Eu mesmo refiz um monte de coisa, impliquei muito com a minha voz.
Para Mel Lisboa, além de saber usar a voz, ao fazer um podcast é importante dar margem para que os ouvintes imaginem roupas, cenários e até mesmo o rosto dos personagens. Esse conteúdo de áudio, na ficção, se assemelha à literatura, porque incentiva a capacidade imaginativa do ouvinte.
A atriz afirma que ouvir é parte fundamental da história e que sua personagem em “Paciente 63”, a doutora Elisa, é a porta de entrada para a história, já que ela é “a ouvinte de Pedro Roiter. Ao longo dos episódios é construído um embate entre a muralha de certezas da profissional e a loucura que o paciente relata como futuro.
A trama apresenta os próximos anos como uma sequência de pandemias. O paciente 63 não se considera integrante da Geração Z ou Millennial, mas sim parte de uma geração entre pandemias. Ao longo dos episódios, a troca entre o paciente e a terapeuta fica cada vez mais intensa e desperta uma dúvida do que pode ou não ser real.
Na avaliação de Mel Lisboa, abordar pandemias pode causar identificação e até mesmo insegurança sobre o futuro da humanidade. Seu Jorge ressalta que, na história, Pedro Roiter busca uma única pessoa que desencadeou o fim do mundo.
Para ela, boas obras de ficção científica precisam de verossimilhança. Não é verdade, mas poderia ser, e é isso que nos causa angústia, afirma. Seu Jorge complementa dizendo que o podcast traz questões que ainda não vivemos, mas estamos muito próximos de viver, e isso nos aflige muito.
A atriz afirma que os episódios dialogam diretamente com a nossa realidade, bem como “com nossas certezas e inseguranças. Para o cantor, o que mais desperta angústia na humanidade é não saber do futuro, em especial após a pandemia de Covid-19. Estamos vivendo uma distopia, completa Lisboa.
Quanto ao futuro, Seu Jorge diz ver a ciência como peça fundamental. “Isso é reflexo de hoje, da luta que a ciência está tendo para ter credibilidade, para não ser negada, explica.
A áudio série Paciente 63 estreia nesta quinta-feira (22). O projeto original Spotify tem roteiro e criação de Julio Rojas e vozes adicionais de Veridiana Toledo, Heitor Goldflus, Nelson Baskerville, Marcelo Galdino, Clara Carvalho, Rafael Maia e Lavinia Lorenzon.