X

Veja outros incêndios que atingiram o acervo da Cinemateca Brasileira

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Na noite desta quinta-feira (29), um incêndio atingiu um depósito da Cinemateca Brasileira, na zona oeste de São Paulo. O galpão localizado na Vila Leopoldina abriga parte do acervo da instituição, como filmes de 35 mm e 16 mm, feitos de celuloide, material altamente inflamável. Estas seriam cópias para exibição, não os rolos originais, que ficam na sede principal da Cinemateca, na Vila Clementino, zona sul da capital paulista.

Este, porém, não foi o primeiro desastre que atingiu as instalações da instituição —situações semelhantes ocorreram em 1957, 1969, 1982 e 2016. O mais recente deles foi, esse sim, em um dos quatro depósitos na parte de trás do prédio na Vila Clementino. O saldo daquele incêndio foi de 270 obras perdidas indefinidamente.

Na ocasião, foram atingidos 731 materiais nacionais originais, do total de 44 mil títulos guardados no lugar. A maioria (461, ou 63%) tinham cópias de segurança. O levantamento resultou em um montante inferior à estimativa do Ministério da Cultura na época, que afirmava que 80% estavam registradas em outros suportes.

A câmara incendiada em 2016 reunia cinejornais (98,1%), curtas-metragem (1,7%), testes de atores de longa-metragem (0,1%), e um registro publicitário (0,1%), segundo relatório da Cinemateca na época.

Relacionadas

O acervo depositado lá é composto de nitrato de celulose, usado em películas cinematográficas até os anos 1950, e extremamente inflamável. Por isso, esse material é mantido isolado do resto do acervo, em um prédio sem rede elétrica. No caso do atual incêndio na Vila Leopoldina, de acordo com ex-funcionários da Cinemateca, o fogo teria começado com um curto-circuito do ar condicionado.

O histórico de fogo em instalações da entidade remonta desde o século passado, com registros em 1957, 1969 e 1982. O primeiro deles aconteceu apenas um ano após o que era a então Filmoteca do Museu de Arte Moderna de São Paulo transformar-se na Cinemateca Brasileira, com sede na rua Sete de Abril, no centro de São Paulo.

A causa foi a autocombustão de rolos, e não só destruiu quase todo o acervo coletado até então, mas também aquelas instalações. Esse fenômeno aconteceu devido à alta temperatura do ambiente e à precariedade do espaço.

Já em 1969, ocorreu o segundo incêndio, no portão 9 do parque do Ibirapuera, com perda estimada de 2.000 filmes em suporte de nitrato. Em novembro de 1982, foi a vez do depósito número 4 pegar fogo, no mesmo local do anterior, atingindo um total aproximado de 1.600 rolos, dos quais 1.000 eram nacionais.