Economia

Dólar sobe e defende linha dos R$5,20 em semana marcada por tensão político-fiscal

O dólar subiu ante o real nesta sexta-feira e acumulou alta ao fim de uma semana marcada pela rápida escalada de tensões fiscais e políticas no Brasil, com o cenário para o câmbio pressionado também por fortalecidas expectativas de que os EUA cortem oferta de dinheiro barato no mundo, o que pode gerar impacto em moedas emergentes como um todo.

O dólar à vista fechou em alta de 0,35%, a 5,2343 reais, depois de oscilar entre 5,2763 reais (+1,15%) e 5,2056 reais (-0,21%).

Na semana, a cotação valorizou-se 0,50%. Em 2021, acumula alta de 0,82%.

No exterior, o dólar saltava 0,55%, puxado por fortes dados de emprego nos EUA que renovaram apostas de redução de estímulos pelo banco central norte-americano.

Num intervalo de apenas alguns dias o mercado teve de lidar com sustos como novas pressões por aumento do Bolsa Família, estimativas de precatórios para 2022 na casa de 90 bilhões de reais, propostas entendidas como calote desses precatórios e discussão de um novo Refis que poderia pressionar mais os cofres do governo.

Além disso, a atribulação entre os Poderes parece ter chegado a seu momento mais agudo, com ataques explícitos do presidente Jair Bolsonaro a ministros do STF. Falas do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), nesta tarde ajudaram a amenizar no mercado o efeito da tensão em Brasília, mas a temperatura segue bastante elevada, com riscos ao andamento da agenda de reformas.

“Apenas está tudo muito ruim”, resumiu o gestor de uma grande instituição financeira em São Paulo. “O Guedes até pode tentar barrar o novo Refis, mas acho que não vai conseguir”, completou. O texto ainda precisa passar pela Câmara após ser aprovado pelo Senado.

A volatilidade do real, já a mais alta dentre as principais moedas emergentes, subiu ainda mais:

O câmbio chegou a reagir positivamente na quinta-feira à dura retórica do Banco Central, que na noite anterior acelerou o passo de aumento de juros, melhorando a atratividade do real para investimentos. Mas os ganhos intradiários evaporaram com a forte instabilidade político-fiscal.

“Os riscos continuam na frente política. As manchetes negativas podem sobrepujar o fascínio do ‘carry’ e levar o dólar a subir contra o real”, disse o Citi em nota a clientes, acrescentando que as carregadas posições locais favoráveis à moeda brasileira são outra fonte de preocupação. Para profissionais do banco, isso explica parte da realização de lucros vista na véspera e que impulsionou o dólar do meio do dia até o fechamento.

Por ora, os estrategistas do banco privado ainda veem o real performando bem em relação a divisas emergentes e mantêm recomendação de compra da moeda brasileira versus peso chileno.

Enquanto o real perde 0,82% ante o dólar no acumulado de 2021, ganha 9,9% frente ao peso chileno.

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