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REEDIÇÃO-Dólar vai abaixo de R$5,23 na mínima com comentários de autoridades e perspectiva de juros mais altos

O dólar passava a oscilar entre estabilidade e leve alta nesta quarta-feira, mas chegou a ir abaixo dos 5,23 reais na mínima do dia em meio à perspectiva de juros mais altos no Brasil e comentários apaziguadores de autoridades sobre a situação fiscal doméstica.

Às 10:44, o dólar recuava 0,01%, a 5,2608 reais na venda, após trabalhar em queda por boa parte da manhã e chegar a tocar 5,2267 reais na mínima do dia, queda de 0,66%. O dólar futuro negociado na B3 ganhava 0,17% nesta manhã, a 5,266 reais.

Na terça-feira, a moeda norte-americana spot já havia perdido 2,25%, a 5,2613 reais na venda, sua desvalorização mais acentuada desde 10 de março (-2,39%).

Colaborando para o bom humor dos investidores, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), disse na véspera em evento da XP que o Congresso não vai aprovar medidas que vão contra a responsabilidade fiscal ou calote no pagamento dos precatórios, garantindo que haverá solução dentro do teto de gastos.

Também na terça-feira, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse haver melhora nos indicadores fiscais do país, afirmando que o pano de fundo para a dívida bruta é hoje “inegavelmente melhor” do que há alguns meses.

“Temos visto as autoridades tentando mostrar que a agenda está forte, e a tendência é de que nos próximos dias vejamos mais figuras importantes passando o sentimento de que as coisas (na frente fiscal e de reformas) estão avançando”, explicou Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos. “Isso favorece a queda do dólar para um patamar mais baixo.”

Além disso, disse ele, sinais de perseverança da inflação alta estão levando os investidores a considerarem a possibilidade de um posicionamento ainda mais duro do Banco Central, o que poderia beneficiar a moeda brasileira.

Nesta quarta-feira, dados IBGE mostraram que a pressão de energia elétrica levou a prévia da inflação oficial do Brasil a disparar ao nível mais alto para agosto em quase duas décadas.

“As pressões inflacionárias elevadas e em disseminação, as intensas pressões da inflação de custos, estímulo fiscal adicional e aumento dos prêmios de risco político e fiscal devem levar o Banco Central a continuar a normalizar a política monetária e antecipar e acelerar o caminho até uma taxa de juros acima de neutra”, disse em relatório Alberto Ramos, analista do Goldman Sachs.

Em meio a temores sobre a dinâmica dos preços, o BC já havia intensificado a dose do aperto monetário em sua última reunião ao adotar alta de 1 ponto percentual na Selic, a 5,25% ao ano, já indicando outro aumento de igual magnitude na próxima reunião do colegiado, em setembro.

Juros mais altos tornam o mercado de renda fixa brasileiro mais atraente para o investidor estrangeiro, o que, por sua vez, tende a elevar o ingresso de dólares no país e fornecer apoio ao real.

Enquanto isso, no exterior, o índice do dólar frente a uma cesta de seis moedas fortes avançava 0,17%, a 93,075.

Os investidores devem ficar de olho no Federal Reserve nos próximos dias, com a realização da conferência anual de banqueiros centrais de Jackson Hole. Qualquer sinalização de redução iminente dos estímulos do Fed pode prejudicar ativos de países emergentes, segundo especialistas.

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