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Butantan adia conclusão de entrega da CoronaVac após exclusão de 3ª dose pelo ministério

O Instituto Butantan anunciou nesta segunda-feira que decidiu adiar a entrega de doses da vacina contra Covid-19 CoronaVac ao Ministério da Saúde, após a decisão da pasta de excluir o imunizante da aplicação de uma terceira dose em idosos e imunossuprimidos.

Em entrevista coletiva na sede do instituto, o presidente do Butantan, Dimas Covas, afirmou que a decisão do ministério levou à reprogramação do cronograma, e que agora não será concluída até o final de agosto a entrega de 100 milhões de doses ao Programa Nacional de Imunização (PNI), como estava previsto anteriormente.

Pelo contrato firmado com a pasta, o Butantan tem até o final de setembro para entregar 54 milhões de doses da CoronaVac, além das 46 milhões entregues na primeira parte do acordo. O governo do Estado de São Paulo, ao qual o Butantan é vinculado, prometia antecipar a conclusão do contrato até a terça-feira desta semana.

“Não entregaremos as 54 milhões de doses até amanhã”, disse Covas, citando a decisão do ministério de não incluir a CoronaVac entre as possibilidades de terceira dose. “Isso muda um pouco a programação. Nós estamos programando, porque temos outros contratos a serem atendidos, outros Estados, outros países”, acrescentou.

Na semana passada, o ministério anunciou que a aplicação de uma terceira dose de vacina contra a Covid em idosos com mais de 70 anos e imunossuprimidos começará na segunda quinzena de setembro e será feita preferencialmente com a vacina da Pfizer e, se não for possível, com a da AstraZeneca ou da Janssen.

A pasta não mencionou a CoronaVac e disse que a decisão foi tomada em conjunto com os conselhos que representam os secretários estaduais e municipais de Saúde.

Também na semana passada, o governo de São Paulo anunciou o início da aplicação da terceira dose em idosos com mais de 60 anos em 6 de setembro e disse que, para isso, usará a vacina que estiver disponível, incluindo a CoronaVac.

Na ocasião do anúncio do ministério, o presidente do Butantan afirmou que a exclusão da CoronaVac era o que chamou de mais um ataque do governo federal ao imunizante. A vacina, desenvolvida pelo laboratório chinês Sinovac e envasada no Brasil pelo Butantan, é constantemente atacada pelo presidente Jair Bolsonaro, que afirma falsamente que ela não funciona.

Bolsonaro é inimigo político do governador de São Paulo, João Doria (PSDB), que é pré-candidato à Presidência na eleição do ano que vem, quando o atual presidente deverá buscar a reeleição.

Na manhã desta segunda o Butantan enviou um lote de 10 milhões de doses da CoronaVac ao PNI, totalizando 92,8 milhões de doses entregues. Ele disse que no momento há 13 milhões de doses da vacina em processamento pelo instituto, montante superior às 7,2 milhões de doses necessárias para concluir o contrato com a pasta.

Ele disse, no entanto, que o Butantan fará simultaneamente entregas ao PNI e a Estados que fecharam contratos separados com o instituto.

“Nós vamos atender o ministério e os Estados. Os Estados têm a necessidade da vacina, então vamos compatibilizar os dois cronogramas e vamos fazer isso talvez no mesmo dia. No mesmo dia, a gente dispara as vacinas para todos os contratos”, disse.

(Reportagem de Eduardo Simões)

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