Agro

Amaggi vê fluxo 100% sem desmatamento em 2025 e caminho para pagamentos ambientais

Por Roberto Samora

SÃO PAULO (Reuters) – A Amaggi, gigante brasileira de produção e negociação de grãos e oleaginosas, anunciou nesta quinta-feira que prevê ter toda a cadeia produtiva livre de qualquer desmatamento e conversão de vegetação nativa para a produção agrícola até 2025, quando 100% dos fornecedores estarão rastreados e monitorados em todos os biomas do Brasil.

A companhia, que disse manter desde 2008 desmatamento zero em suas próprias fazendas, assim como não comercializa soja cultivada no Bioma Amazônico em área desmatada legal ou ilegalmente após aquela data, anunciou também que prevê zerar suas emissões líquidas de carbono até 2050.

As metas da Amaggi, que já tem rastreados 99% dos fornecedores diretos dos biomas Cerrado e Amazônico –responsáveis por 80% da originação da soja da companhia na safra 2020/21–, são importantes para a companhia avançar no futuro, juntamente com clientes, em programas de pagamento por serviços ambientais para aqueles produtores que preservam.

“Quando se pega as áreas que originamos, o Cerrado e Amazônia… monitoramos 15 milhões de hectares, e dessa área quase 6 milhões de hectares são vegetação nativa… o que é área extra, acima da preservação (da reserva legal), a nossa ideia é usar todos esses dados para criar modelos de pagamentos de serviços ambientais para que se mantenha a floresta em pé”, disse a diretora de ESG, Comunicação e Compliance da Amaggi, Juliana Lopes.

“Quando digo floresta, é qualquer bioma, mão somente o amazônico”, acrescentou ela, em entrevista à Reuters.

Segundo a executiva, que trabalha na Amaggi na área de sustentabilidade há 15 anos, com os dados das áreas monitoradas, as instituições financeiras, clientes e parceiros da companhia poderão trabalhar em soluções nessa direção de premiar o agricultor que tem direito legal de desflorestar, mas que a preserva.

“Todos os integrantes da cadeia participariam do pagamento por serviços, e a cadeia de valor como um todo precisa, isso dilui o custo e demonstra o quanto a cadeia de valor como um todo reconhece o papel do produtor.”

O pagamento por serviços ambientais está no Código Ambiental, mas é um dos temas que ainda não foi regulamentado. Enquanto isso, há iniciativas do setor privado, ocorrendo em modo piloto.

“Gostaria que (isso) não estivesse muito distante, acho que se for pegar algumas iniciativas, a avaliação do produtor é muito positiva… para que isso aconteça”, comentou.

A Amaggi prevê que, até o ano que vem, 100% dos fornecedores diretos no Brasil estarão rastreados. Em 2025, o objetivo deverá englobar também todos os indiretos, incluindo produtores da Argentina e Paraguai, onde a empresa também compra grãos.

Na última safra, a Amaggi ampliou o monitoramento dos indiretos em oito pontos percentuais para 30%, ante o ciclo anterior.

A diretora ressaltou que, embora a empresa ainda tenha um caminho para monitorar todos os fornecedores indiretos, 99% do volume de soja originada e rastreada desse grupo é livre de desmatamento.

AGRICULTURA SUSTENTÁVEL

No caso das emissões, a companhia apontou que as metas exigirão investimentos em agricultura regenerativa e sustentável de baixo carbono.

A executiva disse que a companhia acha possível atingir uma “soja carbono neutro” no futuro, enquanto alguns parâmetros metodológicos e científicos para estabelecer tal objetivo ainda precisam ser desenvolvidos.

Inicialmente, projetos do gênero serão realizados nas fazendas da Amaggi, com apoio da Embrapa, visando neutralizar as emissões de carbono na produção. “O que leva a gente a acreditar nessa possibilidade é o que já temos de resultado nosso.”

Ela destacou que a “pegada de carbono” da Amaggi comparada com a média Brasil, da produção até a entrega da soja no porto de Roterdã (Holanda), é em média cinco vezes menor em termos de emissão.

Ela disse ainda que a empresa consegue isso com técnicas como o plantio direto, uso intensivo da agricultura de precisão e aplicação adequada de defensivos, além da adoção do controle biológico das pragas, o que colabora na redução de químicos e no menor consumo de combustíveis, algo também possível com uma frota mais nova de máquinas agrícolas.

(Por Roberto Samora)

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