Economia

BC está atento a efeitos secundários da inflação e comprometido com meta em 2022, diz diretora

BRASÍLIA (Reuters) – A diretora de Assuntos Internacionais e de Gestão de Riscos Corporativos​ do Banco Central, Fernanda Guardado, reiterou nesta segunda-feira que a autarquia está comprometida com a entrega da inflação na meta em 2022 e também atenta aos efeitos secundários da inflação no país.

Ao participar de reunião anual do Institute of International Finance (IIF), Guardado avaliou que o preço de serviços no Brasil está em processo de realinhamento, mas que mesmo assim a taxa anualizada ainda está em patamar considerado baixo.

Sobre a expressiva alta de preços na economia, ela disse que a inflação foi impactada por itens voláteis como alimentos e preços de energia, que tendem a ser mais temporários, embora estejam demorando mais para ceder.

Ela reconheceu que a surpresa nesses itens voláteis tem sido “bastante grande”.

“Por isso temos subido (a Selic) a um ritmo muito rápido, estamos ajustando nossa taxa de juros. E estamos almejando conter pressões inflacionárias de segunda ordem”, afirmou ela, em inglês.

“É isso que temos em mente. Queremos trazer a inflação de volta à meta no ano que vem. Então estamos muito empenhados em alcançar esse objetivo. E vamos fazer tudo que pudermos fazer para fazer a inflação convergir para a meta a fim de conter essas pressões inflacionárias”, acrescentou.

A meta de inflação em 2022 é de 3,5%, com margem de tolerância de 1,5 ponto para mais ou para menos. Em seu cenário base, o BC vê o IPCA do próximo ano ligeiramente acima deste patamar, em 3,7%. Já o mercado projeta inflação de 4,17% no ano que vem, conforme o boletim Focus mais recente.

A taxa básica de juros está em 6,25% e o BC tem sinalizado que deve elevá-la novamente em 1 ponto percentual em sua próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que acontece no fim deste mês.

Durante sua participação, Guardado pontuou que os modelos internos no BC não sugerem que a inércia inflacionária subiu muito. Ela também frisou que o país vive agora seu pico inflacionário, considerando a taxa acumulada em 12 meses, e que esse ritmo tende a perder força daqui para frente.

Sobre o quadro fiscal brasileiro, a diretora destacou que há muita incerteza sobre a gestão das contas públicas, o que tem tido impacto nas expectativas de inflação.

Ele afirmou que essa incerteza para 2022 entra no balanço de riscos do BC na direção de inflação mais alta.

“Em um cenário com recuperação muito forte do consumo, vemos a necessidade para gasto extra como menor, mas isso, é claro, não cabe ao BC dizer, cabe ao governo e aos parlamentares decidir”, disse.

(Por Marcela Ayres)

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