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UE prevê energia cara até abril e lança medidas para aliviar consumidor

BRUXELAS, BÉLGICA (FOLHAPRESS) – A União Europeia estima que os preços de energia continuarão altos no continente até pelo menos o final de março e publicou nesta quarta-feira (13) um guia de medidas de curto prazo para reduzir o impacto sobre consumidores.

Em média, segundo a Comissão Europeia (Poder Executivo do bloco), o custo da eletricidade no atacado neste final de ano é o triplo do registrado no ano passado, principalmente por causa da alta no preço do gás.

O combustível, por sua vez, teve seu custo impulsionado pela recuperação pós-pandemia e por um forte aumento de demanda na Ásia. Em 1º de outubro, quando começa o ciclo anual do mercado de gás, os preços eram recordes históricos na Europa e na Ásia, de acordo com a Agência Internacional de Energia.

Na UE, que importa mais de 90% do gás que consome, os preços do combustível dispararam entre agosto e setembro, atingindo 400% em relação ao mesmo período do ano passado, segundo a Comissão.

A geração a gás fornece, em média, de um quinto e um quarto da energia da UE, mas o preço do combustível teve impacto direto no custo da eletricidade mesmo em países como a Suécia, onde essa fonte não chega a 2% das utilizadas.

Isso ocorre porque o mercado atacadista do bloco é unificado e seu sistema de formação de preços é baseado na fonte mais cara usada para atender à demanda total.

Os preços do gás já vinham sendo pressionados pela retomada da atividade econômica após o início da vacinação contra a Covid, e um verão mais quente que o esperado em alguns países aumentou o consumo de energia para refrigeração, dificultando a reposição dos estoques.

“Vento fraco no verão reduziu a geração de fonte eólica e aumentou o consumo de gás”, afirmou a S&P Global em relatório sobre o mercado europeu. Como a UE está fechando suas termoelétricas a carvão, há poucas alternativas ao gás e a demanda pelo combustível deve continuar alta, diz o documento.

Também neste final de ano subiram os preços no mercado de carbono europeu –o chamado Sistema de Comércio de Emissões da UE (ETS), onde são comercializadas permissões para emitir gases de efeito estufa.

A Comissão Europeia procurou rebater as críticas de que seus planos de zerar as emissões nas próximas décadas seja uma das causas da atual crise nos preços de energia.

Segundo o órgão, o peso do encarecimento do gás na conta de luz é nove vezes o advindo da alta no mercado de carbono.

A fatura final de eletricidade que chega à casa do consumidor inclui, além do preço do atacado, os custos de transporte e distribuição (custos de rede), impostos e taxas.

A proporção varia em cada país, mas, em média, cada componente representa um terço da conta de luz.

Entre as ações propostas pela Comissão estão o corte de impostos sobre eletricidade e a suspensão temporária das tarifas para os mais pobres.

Indústrias fortemente dependentes de energia também podem ser subsidiadas, desde que por período limitado.

Segundo a comissária de Energia, Kadri Simson, o objetivo da UE com as balizas anunciadas nesta quarta é evitar que medidas unilaterais dos países distorçam ou fragmentem o mercado de energia europeu.

No médio prazo, a Comissão estuda a compra conjunta de gás, o que daria ao bloco maior poder de barganha na negociação com fornecedores. O objetivo é tomar uma decisão antes da reformulação do pacote energético, prevista para o final deste ano.

Ampliar a capacidade de armazenamento também está nos planos de médio prazo. Os níveis de estoque na UE estão em torno de 75%, abaixo da média para esta época, que ficou em 90% nos últimos 10 anos –de acordo com a Comissão, não há risco de apagão, mas o monitoramento deve ser constante.

No longo prazo, segundo a Comissão, “a transição para energia limpa é o melhor seguro contra choques de preços no futuro”.

O objetivo é impulsionar a transição para fontes de energia alternativas aos combustíveis fósseis, principalmente reduzindo entraves regulatórios.

O plano europeu prioriza no momento energias renováveis (hidrelétrica, eólica ou solar), mas um grupo de países liderados pela França pressiona para que usinas nucleares sejam incluídas.

A geração nuclear tem baixa emissão de gases de efeito estufa, o que estaria de acordo com as metas ambientais, mas a Alemanha, maior economia do bloco, é contra seu incentivo, por causa do risco de acidentes e do difícil manejo dos resíduos radioativos.

A comissária afirmou que uma decisão sobre incluir usinas nucleares entre as fontes que recebem incentivo do bloco ainda aguarda pareceres técnicos de especialistas. Cada país, no entanto, é livre para decidir sobre que fontes usar em seu mix de geração de energia.

Outra preocupação ligada à alta do gás é a de que isso eleva também o custo dos fertilizantes que o usam como matéria-prima, o que eleva a pressão política dos agricultores sobre a Comissão.

Segundo análise do Banco Mundial, os preços dos fertilizantes quase dobraram em relação ao ano passado e devem ficar altos até 2022.

Um impacto sobre os preços dos alimentos, no entanto, não seria imediato, já que, no hemisfério norte, não há planio nos próximos meses, de outono e inverno.

Os líderes dos 27 membros da UE devem discutir os preços de energia na próxima reunião do Conselho Europeu, na semana que vem.

Entenda o mercado de energia da UE Os 27 países do bloco tem um mercado de energia integrado No mercado atacadista, produtores de energia (usinas de energia) vendem eletricidade e os varejistas de energia a compram para entregar a seus clientes Todos os produtores de eletricidade –de grandes geradoras a indivíduos que produzem energia renovável– ofertam sua energia no mercado ao preço estabelecido por eles Como as fontes renováveis de energia têm custo de produção menor, seu preço costuma ser mais baixo A eletricidade mais barata é comprada primeiro, em seguida a mais cara Uma vez satisfeita a demanda total, todos os vendedores obtêm o preço do último produtor do qual a eletricidade foi comprada O objetivo é ter transparência, eficiência no mercado e incentivos para manter os custos os mais baixos possíveis A Comissão afirma que o modelo também incentiva que indivíduos se tornem ativos na geração de sua própria eletricidade

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