Economia

Dólar acompanha exterior e mantém viés de baixa após dados de inflação dos EUA

Por Luana Maria Benedito

SÃO PAULO (Reuters) -O dólar chegou a cair 0,6% contra o real nesta quarta-feira, acompanhando tendência observada no exterior após dados norte-americanos de inflação em linha com as expectativas do mercado.

O Departamento do Trabalho dos Estados Unidos informou mais cedo que o índice de preços ao consumidor subiu 0,5% no mês passado. Nos 12 meses até dezembro, o índice avançou 7,0%, maior ganho anual desde junho de 1982.

Economistas consultados pela Reuters esperavam alta de 0,4%no mês e salto de 7,0% contra o mesmo período do ano anterior.

“O dólar enfraqueceu após os dados”, comentou Gustavo Cruz, economista e estrategista da RB Investimentos, citando percepção de que o número dentro do esperado não aumenta a pressão sobre o banco central dos Estados Unidos, o Federal Reserve (Fed), para que acelere eventual processo de alta de juros.

O Fed já tem indicado com bastante clareza que, em meio à inflação elevada e sinais de aperto no mercado de trabalho, começará a aumentar os custos dos empréstimos neste ano. Para Cruz, a tendência é que o banco central, em sua primeira reunião de política monetária de 2022, deixe o terreno preparado para uma alta de juros em março.

Na mínima da sessão, atingida por volta de 10h50 (de Brasília), o dólar à vista recuou 0,59%, a 5,5472 reais. No dólar futuro, a cotação chegou a perder 0,34%, para 5,5705 reais, mínima desde 30 de dezembro do ano passado. Os patamares mais baixos atraíram compras, o que fez a moeda norte-americana desacelerar as perdas.

Às 11:25 (de Brasília), o dólar à vista recuava 0,18%, a 5,5699 reais na venda, ainda longe da máxima do dia, de 5,6020 reais (+0,39%).

Na B3, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento tinha variação negativa de 0,03%, a 5,5920 reais.

No exterior, o índice do dólar –que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas– caía 0,34%, a 95,295, abandonando estabilidade registrada mais cedo na sessão.

Na terça-feira, comentários menos “hawkish” (inclinados a conduta mais dura da política monetária) do que o esperado do chair do Fed, Jerome Powell, já haviam derrubado o dólar globalmente.

Powell afirmou, em audiência no Senado dos EUA, que a economia norte-americana está pronta para uma política monetária mais apertada, mas que pode levar vários meses até que as autoridades tomem uma decisão sobre a redução do balanço de cerca de 9 trilhões de dólares do Fed.

“Desta forma, (Powell) esvaziou o receio dos mais pessimistas, que já estavam apostando em até cinco ou seis altas do juro básico americano em 2022”, escreveu Victor Beyruti, economista da Guide Investimentos.

Taxas de empréstimo mais altas nos Estados Unidos tendem a beneficiar o dólar, já que aumentam a atratividade dos títulos soberanos norte-americanos –considerados o ativo mais seguro do mundo–, levando investidores a direcionar mais recursos para o país.

Na véspera, o dólar spot caiu 1,63%, a 5,5801 reais na venda, maior desvalorização diária e menor patamar desde 30 de dezembro, quando a cotação perdeu 2,11%, a 5,5735 reais.

(Edição de José de Castro)

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