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‘Mídias sociais são ‘terra de ninguém’ e não são o local adequado para fazer divulgação de ciência’, diz Natalia Pasternak

RIO – A pandemia de Covid-19 trouxe a ciência para o centro do debate público, com boa parte da população com acesso à Internet em busca de informações seguras por meio das redes sociais. Para pesquisadores e divulgadores científicos, porém, é preciso que haja responsabilidade – por parte das plataformas e dos usuários – na disseminação de informação.

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O combate à desinformação foi destaque na mesa “Os avanços da divulgação da ciência após 2 anos de Covid”, que teve a participação de Jerson Lima Silva, presidente da Faperj; Margareth Dalcolmo, pneumologista, pesquisadora e professora da Fiocruz; e Natalia Pasternak, pesquisadora em Columbia, nos Estados Unidos, presidente do Instituto Questão de Ciência. A mediação foi de André Miranda, editor executivo do Globo.

Para Natalia Pasternak, que também é divulgadora científica, o uso ideal das mídias sociais pela comunidade deve ter o intuito de levar o leitor para endereços de instituições e pesquisadores que publicam conteúdo confiável:

— A gente confunde muito que mídia social seja o lugar adequado para fazer divulgação de ciência. Eu costumo surpreender quando digo que não é. Eu não acho que elas são o lugar adequado. Eu uso para propagar conteúdo que deve ser fácil de achar. Mas as mídias sociais não são locais de produção de conteúdo porque elas são “terra de ninguém”. Estabelecer a linha fina entre o que é censura e o que é controle de desinformação não é uma tarefa simples, e as mídias sociais não estão interessadas nisso, elas estão interessadas em cliques e likes que é como elas conseguem se remunerar. Por isso acho que é melhor fazermos um trabalho de divulgação científica para mostrar para as pessoas onde procurar a informação de qualidade.

Profissionalizar a comunicação da ciência também é um ponto importante para que as pesquisas sejam comunicadas de forma adequada, lembra ela:

— A gente precisa de treinamento. A carreira científica nos prepara para comunicar para os pares, não para o público. Ninguém nos prepara para falar com público, o que é uma grande idiotice porque como cientistas a gente têm que ter preparo para falar com jornalistas, indústrias, governo, mesmo que a gente não seja um comunicador de ciência.

A pneumologista Margareth Dalcolmo faz coro à fala da pesquisadora.

— As redes sociais fazem um enorme desserviço para populações vulneráveis quando não realizam uma seleção criteriosa do que é eticamente publicável — disse.

Jerson Lima Silva, presidente da Faperj, destaca a importância de as agências de fomento divulgarem os resultados encontrados nas pesquisas para estimular a captação de recursos:

— Uma agência de fomento tem que estimular muito a divulgação por vários motivos. Ela depende de recursos, se não tiver (apoio), os recursos não chegam aos pesquisadores e as pesquisas não são feitas.

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