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Número de profissionais de saúde afastados dobra em 7 dias em SP

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O número de profissionais afastados na rede municipal de saúde de São Paulo dobrou em uma semana. Segundo boletim divulgado na noite desta quinta-feira (13) pela Secretaria Municipal da Saúde, 3.193 pessoas estão nessa situação.

O problema ocorre quando há superlotação nos postos de saúde por causa do avanço da variante ômicron do coronavírus e de pacientes com gripe.

No último dia 6 a pasta contabilizava 1.585 profissionais afastados. Ou seja, entre a quinta-feira da semana passada e esta, o número saltou em 101%.

Do total de profissionais afastados atualmente, 1.403 tiveram confirmação para Covid-19 e outros 1.683 apresentaram sintomas de síndrome gripal.

No caso das pessoas com o novo coronavírus, a proporção de afastamentos é ainda maior que no geral, já que no último dia 6 eram apenas 269 profissionais nessa situação. O aumento no número de casos foi de quase 380% em uma semana.

O problema de superlotação e afastamentos, segundo o Simesp (Sindicato dos Médicos de São Paulo), tem levado médicos de UBSs (Unidades Básicas de Saúde) a deixarem de fazer o atendimento de atenção primária de saúde para cuidar de pacientes com problemas respiratórios.

A contratação de médicos para atendimento de pacientes com síndrome gripal é uma das reivindicações de profissionais que trabalham atenção primária. Em assembleia na noite de quinta, que teve a participação de 150 médicos, eles decidiram entrar em greve na próxima quarta-feira (19) e manter estado de mobilização permanente.

Na assembleia, os médicos decidiram dar um prazo até segunda-feira (17) para a resposta e prometem reavaliar a paralisação. A lista de reivindicações inclui ainda desobrigação do comparecimento em fins de semana e feriados e diálogo entre sindicato e prefeitura.

“Profissionais têm feito atendimento de pronto-socorro em unidades básicas de saúde”, afirmou a médica Vanessa Araújo, do Simesp, que trabalha na atenção básica municipal.

“Atendimentos de programas continuados, como em gestantes, crianças, pacientes hipertensos e diabéticos têm sido deixados de lado por causa para atendimento desses pacientes com síndromes respiratórios”, disse.

Os profissionais de saúde argumentam que as equipes estão exaustas, há jornadas intermináveis de trabalho, cobranças de metas e falta de insumos nas unidades de saúde superlotadas.

Na quarta (12), a secretaria afirmou em nota que desde o 1º de dezembro de 2021 houve aumento no número de funcionários afastados por Srag (Síndrome Respiratória Aguda Grave) e Covid-19, “porém ainda é considerado baixo e não causa impactos na assistência”, o que os médicos contestam.

Na manhã de quarta, uma equipe do Simesp visitou a UBS Santa Cecília, no centro da capital. A unidade deveria ter oito médicos e estava operando com apenas três.

A prefeitura rebate dizendo que contratou 280 profissionais da área e instalou tendas em unidades com maior número de atendimento para agilizar a triagem dos usuários dos serviços.

Em nota nesta sexta (14), a secretaria disse ver com estranheza a atitude do sindicato “em decretar uma greve neste momento”.

“Durante estes dois anos de pandemia, foi criada uma mesa técnica com reuniões semanais, em que o Sindicato dos Médicos teve assento e participou de inúmeras discussões”, afirmou. “Na última semana, o sindicato enviou para secretaria duas correspondências com reivindicações e boa parte delas foi atendida, com o pagamento de 50% do banco de horas extras, além do pagamento de horas extras na folha mensal. O mesmo ocorreu para os plantões extras dos servidores efetivos.”

Pouco antes da assembleia, a gestão Ricardo Nunes (MDB) afirmou que as organizações sociais que administram as UBSs receberam autorização para contratação de médicos e equipes de enfermagem para atender a esse aumento de demanda nas unidades de atenção básica.

“Os profissionais ligados às organizações sociais de saúde os parceiros iniciarão o cronograma de pagamento de horas extras de 2021 em duas etapas. Metade no primeiro trimestre e a outra metade no segundo trimestre”, afirmou a secretaria.

“Os profissionais da administração direta, que iniciam a partir desta fase da pandemia o atendimento aos sábados, terão as horas extras pagas juntamente com os salários. As OSSs também estão autorizadas a comprar medicamentos e insumos de forma emergencial”, disse.

Por causa da explosão de casos, desde o fim de semana passado as UBSs começaram a atender pacientes com síndrome gripal aos sábados.

Em janeiro, até esta quarta, a pasta diz que foram realizados 124.957 atendimentos a pessoas com sintomas respiratórios, sendo 74.694 suspeitos de Covid-19, nas UPAs (Unidades de Pronto Atendimento), nas AMAs (Assistências Médicas Ambulatoriais), nos PAs (Pronto Atendimentos) e nos prontos-socorros. Nas 469 UBSs foram 152 mil atendimentos a sintomáticos respiratórios.

E após nova disparada nas internações por causa da variante ômicron do coronavirus, a Prefeitura de São Paulo anunciou na quinta a ampliação de 443 para 1.110 leitos exclusivos para pacientes com Covid-19 na rede municipal.

Também foi anunciado que 33 AMAs, UBSs e AMAs/UBSs Integradas terão o horário de funcionamento ampliado das 19h para as 22h, a partir de segunda-feira (17).

Outras seis unidades, que atendem hoje durante 12 horas, passam a ser 24 horas. Também serão montadas 23 tendas.

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PROFISSIONAIS AFASTADOS NA REDE MUNICIPAL

Data – Afastamentos

30/12 – 1.221

6/1 – 1.585

13/1 – 3.193

PROFISSIONAIS AFASTADOS COM COVID-19

Data – Afastamentos

30/12 – 156

6/1 – 269

13/1 – 1.403

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