Economia

Ibovespa destoa de NY, sobe e volta ao patamar dos 110 mil pontos após 3 meses

Por Andre Romani

SÃO PAULO (Reuters) – O principal índice da bolsa brasileira disparou nesta terça-feira, mesmo com a queda em Wall Street, à medida que a alta de ações de bancos e da Petrobras superou a ansiedade do mercado norte-americano com a decisão de política monetária do Federal Reserve, na quarta-feira.

O Ibovespa subiu 2,10%, a 110.203,77 pontos, o primeiro fechamento acima dos 110 mil pontos desde 20 de outubro. O volume financeiro da sessão foi de 31,5 bilhões de reais.

A alta do Ibovespa nesta terça-feira ocorreu na sequência de duas quedas seguidas, mas está em linha com o desempenho do índice no ano, período em que sobe cerca de 5,1%, enquanto as principais referências acionários nos EUA estão no vermelho, com o Nasdaq Composite caindo mais de 13%.

Para Rodrigo Crespi, especialista de mercado da Guide Investimentos, o Ibovespa foi impulsionado na sessão pela migração de posições de ações de empresas de crescimento para empresas de valor, além de um fluxo positivo de estrangeiros para a bolsa, movimento que é beneficiado também pela queda do dólar.

As ações de companhias ditas de crescimento incluem as de tecnologia, que dependem mais de custo de capital e são mais sensíveis às taxas de juros, enquanto papéis de empresas exportadoras e bancos são considerados de valor, menos sensíveis a essas variações.

Nos EUA, o S&P 500 e o Nasdaq caíram 1,2% e 2,3%, respectivamente, enquanto o Dow Jones cedeu 0,2%, em sessão volátil. Ações de tecnologia pesaram fortemente diante de incertezas sobre a possibilidade de um Fed cada vez mais duro com a inflação.

O mercado está ansioso com a decisão de política monetária a ser divulgada na quarta-feira pelo Fed e deve buscar por pistas no comunicado e na fala do presidente do banco central norte-americano, Jerome Powell, sobre o ritmo do ciclo de alta de juros naquele país e se ele começará tão cedo quanto março.

Além disso, investidores mantêm no radar as tensões geopolíticas na Ucrânia, após a Rússia acumular tropas nas fronteiras com o país vizinho e ser acusada por outras nações de planejar uma invasão –o que Moscou nega.

Na cena doméstica, o dia foi mais esvaziado, embora questões fiscais e políticas sigam monitoradas. Destaque para a aprovação pelo conselho de ministros da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) de convite para que o Brasil inicie a abertura de discussões para adesão à entidade.

Entre os indicadores econômicos, a Receita Federal disse que a arrecadação pelo governo teve alta real de 17,36% em 2021, a 1,879 trilhão de reais.

DESTAQUES

– PETROBRAS PN e ON subiram 3,3% cada, diante de avanço de 2,2% do petróleo Brent com leitura de que cenário de oferta pode apertar em meio a tensões envolvendo a Ucrânia e a Rússia, ameaças à infraestrutura nos Emirados Árabes Unidos e dificuldade da OPEC+ de alcançar sua meta de crescimento de produção mensal.

– SANTANDER BRASIL UNIT ganhou 6,3%, ITAÚ UNIBANCO PN subiu 3,6%, BRADESCO PN avançou 4% e BANCO DO BRASIL ON teve alta de 2,6%.

– SUZANO ON cedeu 2,6%, quinta queda consecutiva.

– VALE ON subiu 0,2%, enquanto siderúrgicas cederam, com CSN ON caindo 2%. Futuros do minério de ferro avançaram na Ásia, com mineradoras, incluindo a Fortescue, elevando preocupações com a escassez de mão de obra na Austrália por causa das restrições da Covid-19.

– CARREFOUR BRASIL ON subiu 3,4%, após a superintendência-geral do Conselho Administrativo de Defesa Econômica recomendar ao tribunal do órgão a aprovação da aquisição do Grupo BIG Brasil, mas condicionando o negócio ao desinvestimento de algumas unidades do varejo de autosserviço.

– JHSF ON avançou 6,2%, CYRELA ON subiu 5,4% e MRV ON teve alta de 4,6%, em sessão positiva para papéis sensíveis a taxa de juros, como construtoras e empresas ligadas ao setor de tecnologia.

– LOCAWEB ON subiu 6,4%, CIELO ON avançou 6,3% e POSITIVO ON fechou com alta de 5,4%.

– QUALICORP ON subiu 7,5%, HAPVIDA ON avançou 6%, INTERMÉDICA ON teve alta de 5% e SULAMERICA UNIT ganhou 4,5%.

(Por Andre Romani; Edição de Isabel Versiani)

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