Economia

Desemprego no Brasil tem menor nível desde início de 2020, mas renda é a mais baixa da série

Por Camila Moreira

SÃO PAULO (Reuters) -A taxa de desemprego no Brasil voltou a recuar no trimestre finalizado em novembro, indo ao nível mais baixo desde o início de 2020 em meio à sazonalidade de fim de ano, mas a renda real dos trabalhadores chegou à mínima da série histórica.

A taxa calculada pela Pnad Contínua foi a 11,6% nos três meses até novembro, de 12,1% no trimestre até outubro, segundo os dados divulgados nesta sexta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Nos três meses imediatamente anteriores, entre junho e agosto, a taxa havia ficado em 13,1%, enquanto que no mesmo período de 2020 foi de 14,4%.

O resultado mais baixo desde o trimestre encerrado em janeiro de 2020 (11,4%) indica que o mercado de trabalho segue em recuperação depois do ápice dos problemas causados pela pandemia de Covid-19.

Mas os trabalhadores ainda enfrentam corrosão da renda real em meio à inflação elevada no país, com a renda atingindo o menor patamar da série histórica, iniciada em 2012. Entre setembro e novembro, o rendimento real habitual foi de 2.444 reais, queda de 4,5% sobre os três meses imediatamente anteriores e de 11,4% ante o mesmo período de 2020.

“Isso significa que, apesar de haver um aumento expressivo na ocupação, as pessoas que estão sendo inseridas no mercado de trabalho ganham menos. Além disso, há o efeito inflacionário, que influencia na queda do rendimento real recebido pelos trabalhadores”, explicou a coordenadora do IBGE, Adriana Beringuy.

No trimestre encerrado em novembro, o número de pessoas desempregadas no Brasil era de 12,405 milhões, o que representa queda de 10,6% sobre o trimestre imediatamente anterior e de 14,5% na comparação com o mesmo período de 2020.

Já o total de ocupados aumentou 3,5% ante os três meses encerrados em agosto, totalizando 94,930 milhões. Esse número ainda representa um aumento de 9,7% ante o ano anterior.

“Esse resultado acompanha a trajetória de recuperação da ocupação que podemos ver nos últimos trimestres da série histórica da pesquisa. Esse crescimento também já pode estar refletindo a sazonalidade dos meses do fim de ano, período em que as atividades relacionadas principalmente a comércio e serviços tendem a aumentar as contratações”, disse Beringuy.

Esse resultado levou o nível de ocupação, percentual de pessoas ocupadas na população em idade de trabalhar, a 55,1%, aumento de 1,7 ponto percentual frente ao trimestre anterior.

O número de trabalhadores com carteira assinada no setor privado subiu 4,0% entre setembro e outubro sobre o trimestre imediatamente anterior, ou 1,33 milhão de pessoas a mais, impulsionado segundo o IBGE pelos segmentos de comércio, indústria, saúde e educação e de tecnologia da informação e comunicação

Mas o contingente daqueles que não tinham carteira também aumentou, 7,4%, ou um acréscimo de 838 mil pessoas.

A taxa de informalidade foi de 40,6%, repetindo o resultado do trimestre anterior, porém o IBGE destacou que houve aumento no número de trabalhadores informais.

“Do crescimento de 3,2 milhões de trabalhadores no número de pessoas ocupadas, 43% vieram do trabalho informal. Então, embora a informalidade continue se destacando na expansão da ocupação, a participação do trabalho formal no setor privado vem aumentando e contribuindo também para a recuperação da ocupação no país”, completou Beringuy.

(Edição de Maria Pia Palermo)

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