Economia

Dólar cai pelo 7° pregão e chega a ir abaixo de R$4,80 com manutenção de fluxos para Brasil

O dólar voltava a cair nesta quinta-feira e chegou a ir abaixo de 4,80 reais, embora já tenha reduzido as perdas desde então, com o mercado brasileiro aproveitando entrada contínua de recursos em meio ao patamar atraente dos juros básicos e à disparada nos preços das commodities.

Às 10:13 (de Brasília), o dólar à vista recuava 0,18%, a 4,8361 reais na venda. Na mínima do dia, a divisa chegou a perder 0,93%, a 4,7996 reais, e, caso mantivesse esse nível até o fim das negociações, registraria seu menor patamar para encerramento desde 12 de março de 2020 (4,7857).

A baixa desta manhã vem depois de, na véspera, o dólar ter perdido 1,44%, a 4,8446 reais na venda, mínima desde 13 de março de 2020 (4,8128). Desde o início da semana, a moeda vem rompendo patamares de suporte importantes sucessivamente: 5,00 reais, 4,90 reais e 4,85 reais.

Com o desempenho desta quarta, o dólar ficava a caminho de marcar o sétimo pregão seguido de perdas, o que configuraria sua maior sequência de desvalorizações diárias desde uma série de mesma duração finda em 22 de abril de 2021.

Segundo Bruno Mori, planejador financeiro pela Planejar, a baixa dos últimos dias é apenas continuação de um movimento observado desde o início do ano, com a moeda norte-americana acumulando queda de mais de 13% em 2022. “O fluxo de investimentos estrangeiros para ativos financeiros brasileiros está muito forte, em primeiro lugar porque a taxa de juros está muito mais alta do que no exterior”, explicou ele.

A taxa Selic começou a subir há um ano, saindo de uma mínima histórica de 2% para o patamar atual de 11,75%. O Banco Central indicou na ata de sua última reunião de política monetária e em seu Relatório Trimestral de Inflação, divulgado mais cedo, que promoverá mais um ajuste de 1 ponto percentual nos juros em maio, a 12,75%.

Dessa forma, o Brasil oferece a investidores em renda fixa retornos extremamente atraentes, principalmente quando comparados aos rendimentos de economias avançadas, como os Estados Unidos, que estão apenas começando a normalizar sua política monetária. Na semana passada, o Federal Reserve elevou seus juros em 0,25 ponto percentual, ante patamar próximo de zero.

Nesse contexto, gestores de fundos “acabam entendendo o Brasil como uma alternativa acessível, barata e com um risco que, por enquanto, vale a pena”, afirmou Mori, acrescentando que o fluxo de recursos para os ativos domésticos “está aproveitando que a turbulência das eleições presidenciais ainda não começou”.

Participantes do mercado também têm apontado a valorização de várias commodities desde o início da guerra na Ucrânia como fator de impulso para o real e outras divisas latino-americanas –como pesos chileno e colombiano e sol peruano. Isso porque são moedas de países exportadores de uma região vista como menos vulnerável às tensões geopolíticas.

Nesse contexto, Mori disse que é difícil enxergar um piso próximo para a desvalorização do dólar, mas disse ver os 4,50 reais como forte ponto de suporte para a moeda.

Ele não descartou, no entanto, a possibilidade de haver eventuais ajustes para cima no preço da moeda. “Movimentos muito rápidos de queda tendem a ser corrigidos com algumas altas posteriores em alguns dias.”

Na B3, às 10:13 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 0,22%, a 4,8460 reais.

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