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Rússia diz que principal objetivo é Donbass, sugerindo recuo nas ambições sobre a Ucrânia

Por Gleb Garanich e Natalia Zinets

BUCHA/LVIV, Ucrânia (Reuters) – O governo de Moscou sinalizou nesta sexta-feira que está reduzindo suas ambições na Ucrânia para se focar nos territórios reivindicados por separatistas apoiados pela Rússia, enquanto as forças ucranianas realizavam uma ofensiva para reconquistar os subúrbios da capital Kiev.

Diante do primeiro grande sinal de que as sanções ocidentais aplicadas ao governo de Moscou vão impactar investimentos da China, fontes dizem que a estatal Sinopec Group, maior refinaria de petróleo da Ásia, suspendeu negociações para um investimento petroquímico e um empreendimento para comercializar o gás natural russo.

No mês seguinte à invasão de Moscou à Ucrânia, as tropas russas ainda não conseguiram conquistar qualquer grande cidade do país. O ataque encontrou dura resistência das forças ucranianas e parou nas imediações de Kiev.

Em vez disso, os russos começaram a bombardear e cercar cidades, devastando áreas residenciais e retirando cerca de um quarto da população de 44 milhões de pessoas do país de suas casas.

Mais de 3,7 milhões de pessoas fugiram do país, metade delas para a vizinha Polônia.

O presidente norte-americano, Joe Biden, viajou até a Polônia nesta sexta-feira, se encontrando com soldados da 82ª Divisão de Paraquedistas do Exército dos EUA que reforçam o flanco oriental da Otan e conhecendo algumas iniciativas para ajudar os refugiados que chegam ao país.

“Estou aqui na Polônia para ver em primeira mão a crise humanitária”, disse Biden.

As linhas de frente da batalha próximas a Kiev estão paralisadas há semanas, com duas grandes colunas russas empacadas no noroeste e no leste da capital. Um relatório britânico de Inteligência descreveu uma contraofensiva ucraniana que repeliu os russos de volta para o leste.

“Contra-ataques ucranianos e linhas de fornecimento estendidas das forças russas permitiram que a Ucrânia reocupe cidades e posições defensivas até 35 quilômetros a oeste de Kiev”, diz o documento. O Reino Unido tem fornecido armas e treinamento militar à Ucrânia.

Em um anúncio que pareceu indicar metas mais limitadas, o Ministério da Defesa russo afirmou que a primeira fase de sua operação está praticamente completa e que agora irá se focar em “liberar” a região separatista de Donbass, no leste do país.

“O potencial de combate das Forças Armadas da Ucrânia foi consideravelmente reduzido, o que torna possível focar nossas principais iniciativas em atingir o objetivo principal, a libertação de Donbass”, disse Sergei Rudskoi, chefe da Direção Operacional Principal do Estado Maior da Rússia.

Uma fonte diplomática sênior de Moscou descreveu o anúncio como um possível prelúdio para uma desescalada do conflito.

“Os objetivos de guerra são/eram muito mais amplos que Donbass, o que deixa a força divida, com ataques mal-coordenados em frentes múltiplas por tropas despreparadas”, disse a fonte.

Moscou classifica suas ações na Ucrânia como “operação militar especial”, para desmilitarizar e “desnazificar” a Ucrânia. A Ucrânia e seus aliados ocidentais rejeitam isso como um pretexto sem fundamentação para uma guerra não-provocada, iniciada no dia 24 de fevereiro.

O Ministério da Defesa Russo disse que 1.351 soldados russos foram mortos e 3.825 ficaram feridos, segundo a agência de notícias Interfax. A Ucrânia diz que 15 mil soldados russos foram mortos.

(Reportagem de um jornalista da Reuters em Mariupol; Natalia Zinets, em Lviv; e redações da Reuters pelo mundo)

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