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O Rock in Rio 2019 chega ao fim com um modelo consolidado de festival de música praticamente único no mundo – agradando de metaleiros a funkeiros – e, nesta edição, especificamente, abrindo espaço para shows novos de artistas em ascensão (H.E.R.), novos astros em seu auge até aqui (Drake), primeiras vezes no Brasil (Pink e King Crimson), prestando atenção nos gêneros mais adorados do momento (funk e hip-hop) e criando novas ferramentas de entretenimento (os espaço da NAVE e da Fuerza Bruta foram elogiados por público e crítica).

A principal marca da curadoria do Palco Mundo do Rock in Rio também deu um jeito de manter bandas colossais cujos fãs-clubes enxergam apenas a perfeição, mas que são marcas repetidas, de novo e de novo, como o Red Hot Chili Peppers (que, justiça seja feita, fez um show diferente) e o Bon Jovi – o que deve continuar acontecendo a despeito das críticas. Trazer a maior turnê da história do Iron Maiden e a última do Slayer também foram decisões importantes.

Um parágrafo para o Palco Sunset. Muito dele é sobre encontros e nesta edição o Rock in Rio promoveu alguns dos mais memoráveis da sua história recente. No primeiro dia, Mano Brown e Bootsy Collins misturaram soul das antigas e rap do bom. Iza e Alcione simplesmente tomaram conta do espaço num show consagrador (de novo) para a primeira e gigante para a segunda. Emicida e Ibeyi emocionaram com homenagens e uma sinergia ancestral poderosa e a Funk Orquestra fez uma festa funk emocionante.

O festival se encerraria já na madrugada desta segunda-feira, 7, com um show da banda britânica Muse, num dia também voltado ao rock popular de Imagine Dragons, Nickelback, Paralamas do Sucesso, Lulu Santos e Silva e O Terno.

Pop rock nacional. Paralamas do Sucesso e Lulu Santos se apresentaram no Palco Mundo e no Palco Sunset, respectivamente. O show do Paralamas começou com Sinais do Sim, a bonita canção do disco mais recente da banda, de mesmo nome. “Esse show é uma prova de que o Brasil está conectado cada vez mais com a energia global”, disse Herbert Vianna. Em O Beco (1988), imagens de ativistas políticos como Nelson Mandela e cacique Raoni ilustraram o telão.

Uma versão ska de Você, uma das imortais de Tim Maia, fez todo mundo cantar e dançar junto. Bem como A Novidade, parceria da banda com Gilberto Gil, que na versão do Paralamas ganha um toque mais de protesto do que de lamentação numa letra fatal: “Oh, mundo tão desigual, de um lado esse carnaval, do outro a fome total”. Foi o tecladista veterano João Fera quem brilhou em Melô do Marinheiro, que, como Herbert disse, foi feita antes de muita gente ali ter nascido – o que não impediu todo mundo de cantar a história do marinheiro que entra pelo cano.

Uma Brasileira reencaminhou o show para o ska – a mistura de rock e reggae que o Paralamas cristalizou no Brasil. Vital e Óculos, duas canções que a banda tocou na primeira edição do Rock in Rio, num show catártico em 1985, voltam para o mesmo palco, e com vigor invejável, encerrando a terceira passagem do Paralamas pelo festival.

O público que se deslocou do Palco Mundo, após o show dos Paralamas do Sucesso, para ver Lulu Santos e Silva no Palco Sunset até conseguiu cantarolar os versos de Tempos Modernos. Até que se acomodassem, a distância e a quantidade de gente fez da caminhada uma prece, no refrão de Toda Forma de Amor.

Apesar da distância, o som do Palco Sunset parecia prejudicado. Em Casa, o volume baixou e permaneceu abafado. Não era possível compreender a voz do cantor. A plateia se manifestou com palmas, pedindo que se aumentasse o volume. Não adiantou, os hits de Lulu seguiram abafados. Na canção Apenas Mais uma de Amor só se ouvia a plateia.

Silva chegou ao palco com Ovelha Negra, de Rita Lee, mas sem tanta expressão por causa dos problemas no som. Ao redor, qualquer outro palco menor que o Sunset alcança o espaço.

Guilherme Sobota e Leandro Nunes
Estadao Conteudo
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