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Lula critica presença de militares em cargos: ‘Exército não serve para a política’

RIO — No último evento da sua primeira passagem com agenda política no Rio neste ano, o ex-presidente Luiz Inacio Lula da Silva (PT) fez discurso em tom de campanha, atacou o presidente Jair Bolsonaro (PL), a atuação de militares na política e afirmou que a esquerda voltará a ganhar as eleições.

O ex-presidente participou de um ato na UERJ do Grupo de Puebla, fórum que reúne lideranças internacionais de esquerda. No palco com o petista estavam a ex-presidente Dilma Rousseff; os ex-ministros Aloizio Mercadante e Celso Amorim; Ernesto Samper, ex-presidente da Colômbia, José Luís Zapatero, ex-presidente da Espanha, entre outros políticos.

O ex-presidente passou a maior parte do discurso falando de política externa, lembrando as gestões petistas e criticou a falta de integração do Brasil com a América Latina e a África. No trecho final, se dedicou a falar da crise econômica brasileira e do cenário eleitoral de 2022. Ele criticou a atuação excessiva de militares no governo Bolsonaro – o ministro da Defesa, Braga Netto, é cotado para vice na chapa do presidente.

— O papel dos militares não é puxar saco de Bolsonaro  nem de Lula. Eles têm que ficar acima das disputas políticas. Exército não serve para política, ele deve servir para proteger a fronteira e o país de ameaças externas.

Na sequência, o petista partiu para o ataque contra Bolsonaro.

— Ele é tão frágil e boçal que, como não tem partido político, pegou a camisa da seleção e a bandeira dizendo que é o partido dele. Vamos mostrra que as cores da bandeira brasileira não são desse fascista. Essa bandeira é nossa — disse, erguendo uma bandeira na sequência.

Antes de Lula, Dilma também fez uma fala em ritmo eleitoral criticando o governo Bolsonaro sobre a condução da Petrobras e o crescimento dos índices relacionados a fome no país. Além disso, fechou seu breve discurso com uma frase chamando para si a responsabilidade por erros nas gestões petistas.

— Quando deixei o governo, eu avisei, nós voltaremos. Os nossos erros são meus, os nossos acertos são nossos — disse Dilma.

Com o evento, Lula completou sua passagem de cinco dias de agenda política no Rio, que teve desde reunião com sindicalistas e petroleiros até encontro com estrelas da música nacional.

A visita do ex-presidente serviu também para consolidar a chapa do PT para a disputa ao governo do estado e ao Senado. O ex-presidente reafirmou em conversas partidárias e gestos públicos o apoio ao deputado federal Marcelo Freixo (PSB) para o Palácio Guanabara, colocando como exigência a vaga para senador com a indicação do presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, André Ceciliano (PT).

Após reuniões com a presidente nacional do PT e deputada federal Gleisi Hoffmann (PT-RS) e o diretório fluminense do partido, as lideranças petistas deram como certa a aliança para a corrida eleitoral no estado. A decisão dificulta os planos do deputado federal Alessandro Molon (PSB-RJ), que ainda tenta convencer Lula e o PT a apoiá-lo para o Senado.

Ao ser anunciado no palco do evento da UERJ, André Ceciliano recebeu algumas vaias, num sinal da militância presente de preferência por Molon na chapa. O pessebista assistiu ao ato na plateia, no espaço reservado para políticos e assessores.

Durante sua estadia, além das costura políticas com seus correligionários, Lula aproveitou para se reunir com uma caravana de prefeitos próximos a Bolsonaro do estado do Rio e criar possibilidades de palanques para sua candidatura e de seus aliados no estado.

Entre eles estavam representantes da Baixada Fluminense, região vista como estratégica pelo seu grande colégio eleitoral. Washington Reis (MDB),  prefeito de Duque de Caxias e aliado do governador Cláudio Castro (PL), foi um dos presentes no encontro.Também esteve presente o líder do União Brasil no Rio e mandatário de Belford Roxo, Waguinho, além de  Rogério Lisboa, prefeito de Nova Iguaçu.

Em reunião com petroleiros na terça-feira, Lula criticou a política de preços da Petrobras e afirmou que o tema será seu “mote de campanha”. Segundo o ex-presidente, o PT precisa criar uma “narrativa” contra as “mentiras” dos últimos anos que associam a petroleira apenas a escândalos de corrupção.

O presidenciável comparou a estatal a Jesus Cristo dizendo que ela foi “crucificada” injustamente pela opinião pública. Segundo o ex-presidente, denúncias de corrupção acabaram penalizando todos trabalhadores da companhia e comprometeram o desenvolvimento econômico da indústria de combustíveis no Brasil.

Na noite de terça, Lula também participou de um encontro com artistas como Martinho da Vila, Paulinho da Viola, Zeca Pagodinho, Ludmilla, Gaby Amarantos, entre outros.

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