SÃO PAULO, SP, RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – O Partido dos Trabalhadores (PT) adiou as discussões sobre a manutenção ou retirada do apoio da legenda à candidatura do deputado Marcelo Freixo (PSB) ao Governo do Rio de Janeiro, à espera de um gesto do PSB. A executiva nacional do PT se reuniu na manhã desta quinta-feira (4).
A sugestão de adiar as conversas partiu do deputado federal José Guimarães (PT-CE). Com isso, o partido deverá se debruçar sobre o tema nesta sexta-feira (5), prazo final das convenções partidárias.
Um grupo, no entanto, defendeu que encerrasse o caso ainda nesta quinta. A deputada federal Maria do Rosário (PT-RS) foi uma das que vocalizou esse desejo. Ela defende a manutenção do apoio a Freixo.
Segundo participantes da reunião, havia sinais de maioria favorável à manutenção do apoio.
A discussão entre PT e PSB gira em torno da vaga ao Senado na chapa do Rio. O PSB defende o nome do deputado Alessandro Molon, enquanto petistas indicaram o presidente da Assembleia Legislativa, André Ceciliano.
Há a esperança, entre petistas, de que o PSB consiga convencer Molon de desistir de sua candidatura.
O deputado, no entanto, está desde o começo da semana insistindo em seu nome na disputa e publicando nas redes sociais o apoio que tem recebido de artistas e figuras públicas, entre eles a cantora Anitta e o líder sem-teto Guilherme Boulos (PSOL).
Integrantes do PSB se comprometeram a boicotar, financeiramente, a campanha de Molon, negando repasses do fundo eleitoral. Mas o PT não acredita nessa promessa.
O PT do Rio de Janeiro havia decidido na terça-feira (2) recomendar a retirada do apoio à candidatura do deputado federal Marcelo Freixo (PSB) ao governo estadual.
A resolução recomendando o rompimento foi aprovada após o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, sinalizar que não interviria no diretório fluminense da sigla para a retirada da candidatura de Molon ao Senado.
Para o PT fluminense, a manutenção da candidatura de Molon quebra um acordo que destinava à sigla a indicação de um nome único para o Senado na chapa.
“A aventura da candidatura divisionista se manteve, mesmo após o ato na Cinelândia, mesmo após os posicionamentos do próprio Marcelo Freixo, Flávio Dino, Márcio França e Danilo Cabral em defesa da unidade e cobrando o cumprimento do acordo”, afirma o texto aprovado pelo PT.
“Nesse cenário, infelizmente, não é mais possível manter o apoio a candidatura Freixo ao governo do estado. E vamos, nos próximos dias, debater alternativas de coligação majoritária com a Direção Nacional do PT e com os partidos da Federação para que tenhamos um forte palanque do Lula no nosso Estado.”
Apoiadores de Molon alegam que ele lidera as pesquisas para o Senado. Os defensores da candidatura do Ceciliano lembram, no entanto, que a cúpula do PT determinou a aliança com PSB em Pernambuco, frustrando as pretensões de Marília Arraes, que deixou o partido e hoje lidera as pesquisas no estado.
Freixo deixou o PSOL e se filiou ao PSB em junho de 2021. Molon preside o diretório do PSB no estado.
A disputa gerou constrangimento no comício do ex-presidente Lula no Rio de Janeiro há um mês. Ceciliano e Molon trocaram ataques indiretos em seus discursos.
A crise se agravou após o PSB do Rio aprovar em convenção a indicação de Molon para a disputa do cargo. Lula, que não havia se posicionado sobre o tema na visita ao Rio de Janeiro, gravou um vídeo apontando Ceciliano como seu único candidato no estado.
A pedido de Lula, Carlos Siqueira desembarcou na quarta-feira (27) no Rio com a missão de convencer o Molon a abrir mão da candidatura em favor de Ceciliano.
Ao dissuadir Molon, Siqueira pretendia esvaziar o argumento de petistas que ameaçam abandonar o palanque de Freixo ao Governo do Rio sob o pretexto de que seu partido, o PSB, desrespeitou o acordo pelo qual, dentro da chapa, a vaga ao Senado caberia ao PT.