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Anfavea vê sinais de desaceleração em demanda por veículos

SÃO PAULO (Reuters) -A indústria brasileira de veículos está notando um esfriamento na demanda por novos no país, diante de queda nas vendas financiadas, um dos principais motores do setor que está sendo impactado pela elevação dos juros da economia.

Em julho, as vendas a prazo de veículos novos no Brasil corresponderam a apenas 35% do total, bem abaixo do nível de 2019 (51%) e dos cerca de 80% de 2020, segundo dados divulgados nesta sexta-feira pela associação de montadoras Anfavea. Enquanto isso, as vendas à vista, seguiram em tendência de alta, atingindo 65% do total emplacado no mês passado.

“Temos percebido um esfriamento da demanda, principalmente no canal de vendas financiadas”, disse o presidente da Anfavea, Márcio de Lima Leite, a jornalistas durante divulgação dos números do setor no mês passado e no acumulado do ano.

E não são apenas as vendas de novos que têm sofrido com o encarecimento dos financiamentos, as de usados também, segundo dados divulgados nesta semana pela associação de concessionários Fenabrave.

Enquanto as vendas de carros e comerciais leves novos no acumulado do ano até julho recuam 12%, para 1,1 milhão, as de usados mostram declínio de 19,5%, para 5,24 milhões de unidades, segundo a Fenabrave. Normalmente, um veículo usado é dado como parte de pagamento no financiamento de um novo.

Mas a alta dos juros ainda não é a principal preocupação do setor, disse Leite, se referindo à escassez no fornecimento de componentes eletrônicos, que ainda tem atingido a produção do setor.

Para o ano de 2022, “provavelmente não vamos ter um reflexo tão grande vinculado diretamente aos juros porque há uma demanda reprimida para estes produtos”, disse o presidente da Anfavea. Isso porque 70% do impacto sobre o setor atualmente decorre do problema no fornecimento de componentes eletrônicos, que ainda não foi totalmente reestabelecido.

Leite afirmou que a melhoria verificada no início deste semestre no recebimento de semicondutores para a montagem de veículos “é sustentável” e que “a impressão é que o pior está ficando para trás”.

MERCADO EM JULHO

A produção de veículos no Brasil subiu 7,5% em julho ante o mês anterior, para 218.950 unidades. Na comparação com julho do ano passado, a produção saltou 33,4%, reduzindo a queda em 2022 para 0,2% sobre os primeiros sete meses de 2021.

As vendas cresceram 2,2% na comparação mensal e avançaram 3,7% ante julho do ano passado, para 181.994 unidades. No ano, os licenciamentos seguem em baixa (12%) na comparação com os sete primeiros meses de 2021, segundo os dados da Anfavea.

O setor terminou julho com 150 mil veículos em estoques distribuídos entre pátios de montadoras e concessionárias, e este volume não inclui milhares de veículos que estão aguardando peças para serem concluídos. O volume é equivalente a 25 dias de vendas. Em junho, o estoque somava 145,5 mil unidades.

As exportações subiram 76,3% em julho sobre um ano antes, para 41,9 mil veículos. No ano, as vendas externas mostram crescimento de 28,7%, para 288,2 mil unidades.

(Por Alberto Alerigi Jr.; edição Paula Arend Laier)

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