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De tentativas de ‘mordaça’ a ameaças de morte: violência política contra mulheres chega a 31 registros em um ano no MPF

“Benny, minha Glock G25 calibre 38 vai dar o tiro de misericórdia na sua testa”. A mensagem enviada em janeiro deste ano é apenas uma da série de ameaças que a vereadora Benny Briolly (PSOL), de Niterói, no Rio de Janeiro, passou a receber após ter sido a mulher mais votada na disputa para a Câmara Municipal, em 2020, e se tornado a primeira trans eleita na cidade. O caso não é exceção. Desde que a lei que criminaliza violência política contra mulheres entrou em vigor, há um ano, dados mostram que o Ministério Público Federal abriu 31 procedimentos para apurar denúncias do tipo, numa média de mais de dois por mês. As apurações miram desde tentativas de impedir que parlamentares façam uso da palavra a ameaças de morte. A nova lei se aplica a episódios contra candidatas ou detentoras de mandato eletivo e prevê penas de um a quatro anos de prisão.

As investigações em curso retratam apenas um pequeno extrato das agressões sofridas por brasileiras que se aventuram na política.

— Estou mais empoderada para enfrentar a barbárie — diz Benny, ao explicar por que não planeja deixar a política.

Um levantamento feito pelo EXTRA mostra que 87,5% das postulantes a cargos majoritários das eleições deste ano dizem já ter sofrido ataques. A maioria das entrevistadas (93,9%) concorda que a violência de gênero afasta as brasileiras da política. É um dado procupante, pois indica que o déficit de representatividade feminina no poder tende a se perpetuar enquanto elas não se sentirem seguras. As mulheres ocupam apenas de 15% das vagas do Congresso, embora sejam 51,7% da população brasileira, segundo dados do Teste do Censo feito neste ano. Elas respondem pela maioria no eleitorado: 53%, de acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A lei aprovada há um ano já deu origem a medidas objetivas. A Procuradoria Regional Eleitoral do Rio denunciou em junho o deputado estadual Rodrigo Amorim (PL), apoiador do presidente Jair Bolsonaro (PL), por agressões e ofensas contra a vereadora niteroiense Benny Briolly.

CORREÇÃO: a versão desta reportagem publicada nas edições impressas dos jornais O Globo e Extra apresentou a imagem da ativista Alessandra Ramos Makkeda no lugar da vereadora de Niterói Benny Briolly. Pelo erro, pedimos desculpas.

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