Brasil

Taxas futuras de juros encerram o dia perto da estabilidade reagindo a exterior e dólar

Por Fabrício de Castro

SÃO PAULO, 5 Mai (Reuters) – As taxas dos contratos futuros de juros fecharam a sexta-feira muito próximas da estabilidade no Brasil, com viés de baixa na ponta curta e de alta na longa, reagindo ao noticiário externo positivo e à queda firme do dólar ante o real.

No exterior, o dia foi de otimismo entre os investidores, que foram em busca de ativos de maior risco após a divulgação de dados positivos no payroll, o relatório de emprego privado dos EUA.

De acordo com o Departamento do Trabalho, a economia dos EUA abriu 253.000 postos de trabalho fora do setor agrícola no mês passado, acima das 180.000 vagas projetadas por economistas consultados pela Reuters. Já o salário médio por hora subiu 0,5%, após avançar 0,3% em março.

Embora o mercado de trabalho aquecido possa sugerir taxas de juros elevadas por mais tempo nos EUA –o que favorece o dólar–, a leitura do mercado foi de que os dados positivos reduzem o risco de recessão na maior economia do mundo.

Resultados corporativos fortes, como no caso da Apple, e a alta das commodities completaram o quadro externo positivo, que fez os índices de ações avançarem e o dólar recuar ante divisas de países emergentes.

No mercado brasileiro, as taxas futuras chegaram a subir no início do dia, em sintonia com o avanço dos rendimentos dos Treasuries, mas retornaram para perto dos níveis da véspera.

“Os emergentes deveriam seguir o movimento visto nos EUA. No Brasil, a curva estava abrindo mais cedo, principalmente após o payroll, mas com a queda do dólar, isso ajudou a curva a fechar taxas”, comentou Felipe Novaes, chefe da mesa de operações do C6 Bank.

De fato, os vencimentos mais curtos encerraram com viés de baixa, mas ainda assim muito próximos da estabilidade. Na ponta longa houve alta, mas também sem se afastar dos níveis da véspera.

“A curva no Brasil não está muito diferente do que vemos hoje (sexta-feira) em outros países emergentes”, acrescentou Novaes.

No fim da tarde, a taxa do DI para janeiro de 2024 estava em 13,195%, ante 13,21% do ajuste anterior. A taxa do DI para janeiro de 2025 estava em 11,705%, ante 11,764%. A taxa para janeiro de 2026 estava em 11,37%, ante 11,417% do ajuste anterior, e a taxa para janeiro de 2027 estava em 11,47%, ante 11,486%. Na ponta longa, o vencimento para janeiro de 2028 estava com taxa de 11,645%, ante 11,639%, enquanto o vértice para janeiro de 2029 marcava 11,85%, ante 11,838%.

Perto do fechamento, a curva a termo precificava 22% de chances de o Banco Central reduzir a Selic em 0,25 ponto percentual no encontro de política monetária de junho e 78% de probabilidade de ele manter a taxa em 13,75% ao ano.

No noticiário local, chamou a atenção a defesa, feita pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, da flexibilização do horizonte para cumprimento da meta de inflação.

“Eu penso que a meta contínua é muito melhor que a meta-calendário… Você não tem o calendário gregoriano, mas você tem a trajetória que vai fazer (a inflação) chegar a 3% em uma situação que você não vai desorganizar a economia nacional”, disse Haddad em entrevista à rádio CBN.

A expectativa é de que a mudança possa ser discutida na reunião de 29 de junho do Conselho Monetário Nacional (CMN), quando serão confirmadas as metas de inflação para os próximos anos.

Conforme Novaes, a possibilidade de mudança na meta de inflação elevou o estresse nos mercados no início do ano, mas a ideia de se alterar o horizonte para atingimento da meta não é malvista pelos investidores.

No fim da tarde, os rendimentos dos Treasuries seguiam em alta nos EUA.

Às 16:40 (de Brasília), o rendimento do Treasury de dez anos –referência global para decisões de investimento– subia 8,30 pontos-base, a 3,4351%.

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