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‘Olho todos os dias para a logomarca Paris-2024’, diz Marcus D’Almeida, do tiro com arco, que briga por ouro neste domingo

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Todos os dias pela manhã, quando está em sua casa em Maricá, no Rio de Janeiro, Marcus D’Almeida lava o rosto e escova os dentes de olho no adesivo da Olimpíada de Paris-2024, colado no espelho. No café da manhã, usa a xícara temática dos Jogos. A garrafa de água, a camisa e outros itens com a logomarca do megaevento estão por aqui e por ali.

— Gosto muito de meditação e de exercícios de visualização. Para me manter no presente. O maior desafio é ficar no presente. Não pensar na próxima flecha, nem na que passou. Foram anos de terapia — diz o arqueiro, número 1 do mundo desde fevereiro e que desenvolve trabalho mental há oito anos. — Nas minhas visualizações, imagino o tiro perfeito, a flecha cravando onde tem de ser. Guardei na memória o campo verde atrás dos alvos da Esplanada dos Inválidos, onde o tiro com arco estará na Olimpíada, a posição do sol e até a sensação do vento. Olho todos os dias para a logomarca Paris-2024. É o foco.

Marcus, que teve um 2023 excepcional, passou um mês treinando na Alemanha e também teve “bastante tempo” na França, especialmente em Paris. Ele ficou em terceiro lugar na etapa local da Copa do Mundo, competição que serviu de evento-teste para os Jogos. E foi ouro na etapa de Xangai.

Em 2023, o brasileiro ganhou ainda a Copa do Mundo, no México, torneio que reúne os oito melhores do planeta e tem importância semelhante à do Mundial.

Ele diz que é a imagem da última flecha que ficou marcada na memória. No quinto e decisivo set, precisava de um tiro perfeito, um 10, para derrotar Lee Woo Seok (fez 29 a 28 no set). Foi a primeira vitória dele em três confrontos diante do rival da Coreia do Sul. O torneio foi disputado à noite, com luz artificial. E Marcus, que tinha sido prata nesta competição em 2014, costuma treinar de dia.

— É o maior título da minha carreira — destaca o arqueiro, vice no Mundial de 2021 e bronze em 2023.

Temporada longa

Com este bronze, ele conquistou vaga para Paris. Está em Santigo, no Chile, para a última competição do ano. Atira hoje pelo ouro em time misto, ao lado de Ana Machado, a partir das 9h20. O Brasil não tem medalha de ouro na modalidade em Jogos Pan-Americanos.

Ana, ao avançar à semifinal da prova individual feminina, também garantiu vaga em Paris-2024. E, por tabela, ambos têm vaga olímpica no time misto.

— No tiro com arco, só tem time A. Os Estados Unidos ganharam dois ouros hoje (ontem), Brady Ellison já foi o número 1 do mundo, cinco vezes campeão de Copa, campeão mundial… Mas a gente tem capacidade. Nós passamos pelo México, que era difícil, e vamos em busca desse ouro tão sonhado e que não temos ainda — diz Marcus, prata no individual em Lima-2019 e bronze por equipes em Toronto-2015.

Ontem, ao lado de Matheus Gomes e Matheus Ely, Marcus conquistou o bronze por equipes. O time feminino terminou em quarto. Na quinta-feira, no individual, Marcus fora superado pelo cubano Javier Vega ainda nas oitavas de final.

— A temporada foi muito longa, e sabia que poderia cometer falhas, mas ajudei a equipe masculina, e ainda tem a equipe mista. O bronze por equipes nos dá mais confiança para o Pan da modalidade, no ano que vem, que será classificatório para Paris para o campeão — diz Marcus, que abrirá mão da etapa da China da Copa do Mundo para ajudar o Brasil na busca por essa vaga. — O bronze não é ouro, vamos ter de trabalhar mais.

Após o Pan, Marcus terá três semanas de férias. Inicia a temporada indoor em janeiro, com competições em Nimes, na França:

— Este foi um ano de muito aprendizado. Aprendi a lidar melhor com a pressão de fazer resultado o tempo inteiro e aprendi a ganhar. Porque é preciso aprender a lidar com os sentimentos ali na hora, o quase lá, para cruzar esta linha e ganhar.

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