IBGE revela ranking inédito de sobrenomes mais comuns no Brasil com Silva no topo
Silva lidera o ranking de sobrenomes mais comuns no Brasil, com 34 milhões de registros, o que equivale a 16,8% da população. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou os dados nesta terça-feira (4), no Rio de Janeiro, com base no Censo Demográfico de 2022. A pesquisa identificou mais de 200 mil sobrenomes diferentes no país, permitindo consultas detalhadas sobre frequência e distribuição geográfica.
Santos ocupa a segunda posição, presente em 21,4 milhões de pessoas, ou 10,5% dos brasileiros. Oliveira segue como o terceiro mais recorrente, com 11,7 milhões de ocorrências. Esses números refletem padrões herdados da colonização portuguesa e da formação social do Brasil.
O levantamento abrangeu 90,7 milhões de domicílios e 203 milhões de habitantes, considerando todas as grafias e posições dos sobrenomes. A ferramenta online do IBGE facilita buscas por estado e município, revelando concentrações regionais que marcam a identidade local.
Raízes históricas dos líderes do ranking
O sobrenome Silva deriva do latim “silva”, que significa floresta ou selva. Surgiu na Roma Antiga para designar famílias ligadas a áreas de vegetação densa e ganhou força na Península Ibérica durante a Idade Média. No Brasil, espalhou-se amplamente a partir do século XVI, adotado por colonos e, posteriormente, por populações indígenas e africanas durante o período escravista.
Santos, por sua vez, remete à abreviação de “Todos os Santos”, festa católica de 1º de novembro. Atribuído inicialmente a nascidos nessa data, tornou-se comum entre convertidos durante a Inquisição portuguesa. Essa origem religiosa explica sua difusão em contextos de evangelização forçada no território colonial.
Oliveira tem raízes toponímicas, referindo-se a plantações de oliveiras em Portugal. O primeiro registro data do século XIII, ligado ao Paço da Oliveira, no norte do país. No Brasil, o nome reflete a influência agrícola europeia, adaptada ao solo tropical.
Concentrações regionais surpreendentes
Alagoas registra a maior proporção de Silvas, com 35,75% da população estadual. Em Belém de Maria, Pernambuco, 63,9% dos moradores carregam o sobrenome. Esses dados destacam como migrações internas reforçaram padrões locais desde o século XIX.
Sergipe lidera em Santos, com 43,38% dos habitantes. A cidade de Divina Pastora atinge 65,44%, um reflexo de tradições católicas enraizadas na região Nordeste. Oliveira predomina no Rio Grande do Sul, onde 6,2% dos sulistas o adotam, ligado a fluxos imigratórios europeus.
Pernambuco e Ceará mostram picos em Souza e Pereira, com mais de 10% em certos municípios. Essas variações geográficas ilustram o mosaico demográfico formado por casamentos mistos e deslocamentos populacionais ao longo de dois séculos.
Essas concentrações surgem de fatores como a Lei Áurea de 1888, que incentivou a adoção de sobrenomes portugueses por ex-escravizados. Registros civis a partir de 1875 também padronizaram práticas, ampliando a uniformidade nacional.
Top 10 completo com números exatos
O ranking do IBGE lista os sobrenomes mais frequentes com base em ocorrências absolutas. Ferreira aparece em 6,2 milhões de registros, enquanto Lima soma 5,8 milhões. Alves e Rodrigues fecham o grupo dos dez primeiros, com 5,5 milhões e 5,2 milhões, respectivamente.
- Silva: 34.030.104 pessoas (16,8%)
- Santos: 21.367.475 pessoas (10,5%)
- Oliveira: 11.700.000 pessoas (5,8%)
- Souza: 9.197.158 pessoas (4,5%)
- Pereira: 6.888.212 pessoas (3,4%)
- Ferreira: 6.226.228 pessoas (3,1%)
- Lima: 5.800.000 pessoas (2,9%)
- Alves: 5.500.000 pessoas (2,7%)
- Rodrigues: 5.200.000 pessoas (2,6%)
- Costa: 4.861.083 pessoas (2,4%)
Costa, o décimo, relaciona-se a famílias costeiras em Portugal medieval. Esses totais derivam de cruzamentos com dados de nascimento e residência, garantindo precisão estatística.
Ferramenta digital facilita consultas pessoais
O site Nomes no Brasil permite filtrar resultados por década e unidade federativa. Gráficos mostram a evolução temporal, como o pico de registros de Silva nos anos 1920, durante ondas migratórias nordestinas. Usuários acessam mapas mundiais comparativos, notando semelhanças com Portugal.
Idade mediana varia: Silvas têm média de 32 anos, refletindo continuidade geracional. A plataforma inclui etimologias, como a ligação de Rodrigues a “filho de Rodrigo”, um patronímico ibérico do século XII.
Mais de 140 mil nomes próprios foram catalogados, com Maria e José no topo. Enzo e Valentina crescem entre os jovens, com 404 mil e 193 mil registros recentes, sinalizando tendências contemporâneas.
Significados e evoluções ao longo do tempo
Souza evoluiu de “saxa”, rocha em latim, indicando origens em vilarejos rochosos de Portugal. No Brasil, difundiu-se via expedições bandeirantes no século XVII. Pereira, de “pereira” ou pereira, árvore frutífera, liga-se a propriedades rurais medievais.
Ferreira denota ferreiros, profissionais medievais de metalurgia. Lima remete a limoeiros, plantas cítricas comuns no sul europeu. Alves, variação de “filho de Álvaro”, patronímico germânico adotado na Reconquista ibérica.
Esses sobrenomes carregam vestígios de ofícios e paisagens ancestrais. No Censo 2010, comparações revelam estabilidade no top 10, com variações mínimas de 0,5% em frequência decenal.