Economia

Agenda ambiental ideológica atrapalha agroindústria brasileira, diz Huck

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A agroindústria brasileira está sendo prejudicada por uma agenda ambiental equivocada, “mais ideológica do que realista”, afirmou o apresentador de TV Luciano Huck nesta segunda (3) durante live com o sócio sênior do BTG Pactual, André Esteves.
Cotado como possível candidato ao Planalto em 2022, Huck defendeu na conversa que o Brasil pode ser uma potência verde apoiada em uma agroindústria sustentável.
A agenda ambiental é um dos pontos frágeis do governo de Jair Bolsonaro (sem partido). Recentemente, o país tem sofrido pressão de investidores estrangeiros e empresários em razão da deterioração de indicadores de preservação ambiental, como aumentos recordes de desmatamento na Amazônia e desmonte da legislação de proteção.
“Estamos saindo da cadeia de investimento. Temos que romper radicalmente com essa dicotomia reducionista, com essa ideia de que existe litígio entre economia e meio ambiente. Não tem. As agendas não são antagônicas”, afirmou.
Na conversa com Esteves, transmitida pela YouTube, Huck defendeu um redirecionamento da Zona Franca de Manaus para a produção de biotecnologia em vez de eletrodomésticos e eletrônicos, como acontece hoje.
“Eu duvido que o Brasil, no espaço de uma geração, consiga produzir brinquedos mais baratos que a China, eletrônicos mais competitivos que Taiwan, mas nenhum país do mundo tem nossa vocação agrícola”, afirmou.
Para o apresentador, a pandemia abre caminho para o crescimento dessa estratégia, com maior interesse nos temas de sustentabilidade e meio ambiente.
Em outra crítica ao governo atual, Huck afirmou que o que aconteceu no campo da educação no Brasil durante o último um ano e meio –ou seja, ao longo do mandato de Bolsonaro– “não dá”. “Prometi que não ia fulanizar a conversa, mas nesse tema [da educação] não dá”, disse.
O apresentador defendeu que a educação deve estar “acima de ideologias”. Tanto Huck como Esteves apontaram a área como principal ferramenta para superação da desigualdade social no país.
Na visão dos dois, só será possível falar em meritocracia se todos –sejam ricos ou pobres– tiverem acesso ao mesmo conteúdo com a mesma qualidade. Nesse sentido, Huck defendeu medidas como a introdução de ferramentas de tecnologia e conexão para a rede pública de ensino, bem como a avaliação de desempenho de professores.
Nenhum dos dois, no entanto, abordou como a discriminação racial e de gênero afeta essas oportunidades, para além da desigualdade social, apesar do protagonismo que essas temáticas têm ganhado no debate público recentemente.
O papel social da elite econômica foi outro tema abordado pelo banqueiro e pelo apresentador de TV. Esteves dividiu o topo a distribuição entre os 5% mais ricos, que teriam travado a reforma da Previdência e agora dificultam a administrativa, e o 0,1%, grupo que poderia ajudar a sociedade de maneira significativa em frentes como a ambiental, a educação, a arte e a cultura.
Nesse aspecto, os dois criticaram a tributação sobre doações, que deveriam ser isentas de imposto, defendendo em seu lugar uma carga maior sobre heranças. A reforma tributária é uma das prioridades do Congresso e do governo para o segundo semestre.

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