Jogos Olímpicos de Tóquio 2020 ficam mais próximos de adiamento; Canadá e Austrália desistem
TORONTO/TÓQUIO (Reuters) – Austrália e Canadá desistiram de disputar os Jogos Olímpicos de Tóquio 2020 nesta segunda-feira, num momento em que os organizadores enfrentam pressão global para adiar o evento pela primeira vez em seus 124 anos de história moderna devido à crise de coronavírus.
Adiar a competição prevista para 24 de julho a 9 agosto, como parece inevitável, seria um duro golpe para o país-sede Japão, que investiu mais de 12 bilhões de dólares no evento.
Grandes quantias também estão em jogo para patrocinadores e emissoras.
Mas uma onda de preocupação dos atletas – que enfrentam dificuldades para treinar por causa do fechamento de academias, estádios e piscinas ao redor do mundo – parece estar pendendo a balança, depois do cancelamento ou adiamento de outros grandes eventos esportivos.
O Comitê Olímpico Internacional (COI) e o governo japonês recuaram de semanas de insistência de que os Jogos aconteceriam conforme o planejado, anunciando uma consulta de um mês sobre outros cenários, incluindo adiamento.
As Olimpíadas nunca foram adiadas antes, embora tenham sido canceladas em 1916, 1940 e 1944, durante as Guerras Mundiais, e abaladas por boicotes devido à Guerra Fria nos Jogos de Moscou e Los Angeles em 1980 e 1984, respectivamente.
“No momento em que o COI indica que está pensando em outras soluções, já decidiu adiar os Jogos”, disse o presidente do Comitê Olímpico Francês, Denis Masseglia.
Canadá e Austrália disseram sem rodeios que não participarão se os Jogos não forem adiados para 2021.
“Estamos no meio de uma crise global de saúde que é muito mais significativa que o esporte”, afirmaram os comitês olímpico e paralímpico do Canadá em comunicado.
O Comitê Olímpico Australiano (COA) também disse a seus atletas para se prepararem para os Jogos de Tóquio em 2021.
“Nossos atletas têm sido magníficos em sua atitude positiva em relação ao treinamento e à preparação, mas o estresse e a incerteza têm sido extremamente desafiadores para eles”, disse o chefe de missão olímpica da Austrália, Ian Chesterman.
Atletas paralímpicos são considerados de risco devido à epidemia, já que alguns apresentam problemas de saúde subjacentes.
Vários países pediram uma decisão rápida do COI, liderado pelo advogado alemão e ex-campeão olímpico de esgrima Thomas Bach.
Os atletas, em geral, têm apoiado o adiamento dos Jogos, apesar da tristeza ao verem seus sonhos em dúvida.
“Competir nas Olimpíadas é meu objetivo nº 1, mas apoio totalmente essa decisão e louvo nossa liderança por tomar uma posição”, disse a tenista canadense Gabriela Dabrowski no Twitter.
Os anúncios de segunda-feira ocorrem após crescente pressão de grandes partes interessadas, incluindo o Atletismo dos EUA, o Atletismo do Reino Unido e outros comitês olímpicos nacionais.
“Os Jogos Olímpicos em julho deste ano não são viáveis nem desejáveis”, disse o chefe do atletismo mundial, Sebastian Coe.
Mais de 14.600 pessoas morreram em todo o mundo desde o início do surto de coronavírus.