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Reajuste do INSS da aposentadoria não cobre despesas básicas dos beneficiários em 2019

Reajuste do INSS da aposentadoria não cobre despesas básicas dos beneficiários em 2019. Os aposentados do INSS já estão recebendo o benefício com o reajuste anual, mas o percentual, de 3,43% para quem ganha mais do que o piso, não será suficiente para cobrir despesas básicas.

O metalúrgico Gentil Fernandes Rosa, 69 anos, recebe R$ 4.080 do INSS. Com o reajuste, ele terá, por mês, cerca de R$ 140 a mais. “Entre água, luz e telefone eu gasto em torno de R$ 750, sem contar o convênio da minha esposa, de R$ 1.500, que sou eu quem paga”, diz o aposentado, que, ao pagar o convênio da mulher, deixa de ter condições de contratar um plano de saúde para ele.

Convênio médico é algo que não dá para entrar no orçamento da aposentada Rosa Maria de Jesus, 57, de jeito nenhum. “Imagine! Não tem como!”, diz ela. Com o benefício que ganha, no valor do salário mínimo (hoje em R$ 998), ela acaba dependendo do pai, que tem 96 anos e também recebe o piso. Nas compras do mês, as carnes são um luxo para a aposentada, que faz bicos como diarista para complementar a renda.

Quem recebe o piso dos benefícios do INSS tem um reajuste diferente, que leva em conta não apenas a inflação, mas o crescimento do país. Em 2019, o salário mínimo subiu de R$ 954 para R$ 998, alta de 4,61%.

Já os benefícios maiores são calculados pelo INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor), do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), acumulado no ano anterior. Esse índice considera gastos de famílias que recebem entre um e cinco salários mínimos. “Mas o INPC não recupera o poder de compra do idoso”, diz Marcos Bulgarelli, presidente do Sindnapi (Sindicato Nacional dos Aposentados).

Em 2018, na capital, os planos de saúde aumentaram 11,24%, o cafezinho subiu 13,61% e o músculo, uma das carnes mais baratas, teve alta de 6,44%.

Os idosos sofrem ainda com a defasagem da tabela do Imposto de Renda, acumulada em 88,4% desde 1996, segundo o Sindifisco (sindicato dos auditores fiscais da Receita Federal).

Se a tabela fosse corrigida pela inflação nos últimos 21 anos, não teriam desconto do IR salários ou aposentadorias de até R$ 3.556,56. Hoje, é isento do pagamento do imposto quem tem renda mensal de até R$ 1.903,98.

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O IPC-3i (Índice de Preços ao Consumidor da Terceira Idade), calculado pela FGV (Fundação Getulio Vargas), ficou bem acima da inflação geral do país medida pelo INPC. De acordo com o índice, que calcula a variação da cesta de consumo de famílias compostas, em sua maioria, por pessoas com mais de 60 anos, a alta acumulada em 2018 foi de 4,75%. Os dados mostram que a inflação subiu de 0,69% para 0,80% no último trimestre.

Os grupos que mais pressionaram no ano passado foram os de saúde e cuidados pessoais e alimentação, com altas de 6,63% e 5,88%, respectivamente. No grupo principal, os aumentos dos planos de saúde (10,07%), dos gastos com consultas médicas e odontológicas (9,74%) e dos medicamentos (3,92%) foram os maiores vilões do orçamento dos mais velhos, que dependem mais desses serviços.

Já no último trimestre, a inflação para os idosos foi pressionada pelo grupo vestuário, que saiu de uma queda de 0,55% para alta de 1,46%, e educação, leitura e recreação (de 2,21% para 2,85%). As roupas foram o que mais pesaram, seguidas das passagens aéreas, que tiveram uma das maiores variações do índice, saltando de 19,60% para 30,61% no período.

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