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Um mês após escândalo de extrema-direita, Estado alemão elege líder de extrema-esquerda

BERLIM (Reuters) – Os parlamentares da Turíngia, Estado do leste alemão, elegeram um ex-premiê estadual de extrema-esquerda nesta quarta-feira, substituindo um liberal cuja eleição um mês atrás com apoio da extrema-direita provocou ondas de choque no establishment político.

O liberal Thomas Kemmerich se tornou o primeiro premiê estadual eleito com apoio da Alternativa para a Alemanha (AfD), com a qual a União Democrata-Cristã (CDU), da chanceler Angela Merkel, se alinhou — para desgosto de seus parceiros de coalizão de governo.

O resultado de 5 de fevereiro violou o consenso pós-guerra entre os partidos estabelecidos de repudiar a extrema-direita e levou a líder da CDU, Annegret Kramp-Karrenbauer, a desistir de sua ambição de suceder Merkel como chanceler.

Kemmerich, do Partido Democrático Liberal (FDP), disse um dia após sua eleição que sua posição era insustentável e subsequentemente renunciou, abrindo caminho para uma nova votação.

A votação desta quarta-feira levou Bodo Ramelow, da sigla de extrema-esquerda Linke, apoiada pelo Partido Social-Democrata (SPD) de centro-esquerda, e pelos ecologistas dos Verdes, a ser reempossado como premiê depois da terceira rodada de votação secreta na assembleia regional.

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Ramelow não conseguiu uma maioria nas duas primeiras rodadas, quando enfrentou o candidato da AfD, Bjoern Hoecke, que no ano passado um tribunal determinou que poderia ser classificado legalmente como um fascista.

Na terceira rodada, Hoecke desistiu de sua candidatura e Ramelow concorreu sozinho, obtendo 42 dos 85 votos – o mesmo nível de apoio que teve nas duas rodadas iniciais, o que insinua que sua vitória veio sem a ajuda da

AfD ou da CDU.

(Por Paul Carrel e Madeline Chambers)