Por Benoit Nyemba
KINSHASA (Reuters) – Enquanto o coronavírus se espalha na República Democrática do Congo, um poeta popular congolês adverte em seu novo videoclipe que o isolamento está deixando muitos pobres do país sem meios de sustento.
Com bares e igrejas fechados na capital Kinshasa em esforços para conter o contágio da Covid-19, “o silêncio nos atinge, e é demais!”, canta Yekima em seu vídeo intitulado “Mpiak’corona”, lançado em 27 de junho.
“Eles já estão nos dizendo para ter cuidado, lá fora existe uma doença com o nome Covid”, diz ele em seu estilo “afro-slam”, uma mistura de poesia slam e batidas africanas modernas.
“Mas desde então, o que temos é um copo vazio, uma panela vazia, uma mesa de jantar vazia.”
Como a maioria dos países africanos, o Congo introduziu medidas para coibir a Covid-19 e se apega à esperança de que seja poupado do pior devido à sua população amplamente jovem. O vírus provou ser muito mais mortal para as pessoas idosas em todo o mundo.
Mas, enquanto a Europa reduziu seus números de Covid-19, os dados do governo do Congo apontam para a direção oposta –com registro de casos dobrando para mais de 7.000 em apenas algumas semanas– e a falta de testes amplia os temores de que o vírus se espalhe muito mais, sem ser detectado.
Yekima disse à Reuters que o governo precisa fazer mais. “Não queremos sobreviver a esta pandemia apenas para morrer de fome”, afirmou ele.
(Reportagem adicional de Hereward Holland)