Renda Cidadã tem origem de dinheiro rejeitada por Guedes. Seguindo orientação do presidente Jair Bolsonaro, que cancelou as discussões do Renda Brasil, a equipe econômica se afastou da busca por uma alternativa ao financiamento do programa social para evitar mais desgastes ao ministro Paulo Guedes (Economia).
O programa é o Renda Cidadã. O ministro foi a público nesta quarta (30) e criticou a proposta apresentada por aliados do governo, chamando de “puxadinho”.
Líderes partidários, com o governo, anunciaram na segunda (28) a criação de um limite para o pagamento anual de precatórios, medida que, se aplicada, afetará aposentados, pensionistas do INSS e quem aguarda benefícios assistenciais na Justiça. Essa seria a forma de bancar o programa.
A ideia foi interpretada como tentativa de calote, o que derrubou os índices da Bolsa, e fez o dólar subir.
Dois dias após o anúncio, Guedes atacou a ideia e disse que o governo não vai usar esse dinheiro. “Não faremos isso”, disse. “Se queremos respeitar teto, temos de passar lupa em todos os gastos, para evitar propostas de romper o teto, de financiar o programa de forma equivocada, que nunca foi nossa ideia”, afirmou.
Segundo Guedes, a fonte de recursos dos precatórios “não é saudável, limpa, permanente ou previsível”.
Guedes já havia baixado uma ordem aos assessores: congelar qualquer discussão envolvendo o programa.
Assessores do ministro afirmam que a declaração de Guedes foi um posicionamento a investidores, já que caberá ao Congresso decidir os rumos do Renda Cidadã, como autorizou Bolsonaro.
Guedes quis sinalizar que a vinculação não tinha partido do ministério. Ele admitiu que estava estudando um tipo de revisão nos precatórios, mas que não era para financiar diretamente “programa A ou B”.
Quem estava na reunião diz que, em nenhum momento, ele vinculou os precatórios ao Renda Cidadã.
“Ante a alternativa de estourar o teto ou buscar o controle de outros gastos que cresciam explosivamente, estamos examinando os gastos, vários gastos. Um deles é o crescimento explosivo de precatórios”, afirmou.