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A luta e a força das mulheres negras da Secretaria de Desenvolvimento Social de SP

Aproveitando o Mês da Consciência Negra, a Secretaria Estadual de Desenvolvimento Social (SEDS) reuniu algumas de suas servidoras para contar suas experiências e relatos na luta, para compartilhar a luta diária de ser uma mulher negra no Estado de São Paulo.

Diretora de Recursos Humanos da SEDS, Nilza das Graças contou que em sua trajetória, não chegou a sofrer preconceito, mas destaca o que a data significa para ela: “No Dia da Consciência Negra, acredito que devemos celebrar a consciência humana, com o reconhecimento do valor, da cultura, da luta e a reflexão sobre a trajetória de nossos antepassados. A mulher negra como dona de seu próprio destino, livre para fazer suas escolhas.”

Roseli Oliveira trabalha na Central de Atendimento, tendo participado por cerca de três anos do Conselho da Comunidade Negra e diz que já sofreu racismo em lugares onde trabalhou e que sente a necessidade de estar sempre se provando como profissional competente. Para ela: “A data diz respeito à busca pelo respeito, já que o racismo ainda se faz muito presente e não podemos deixar alguém nos diminuir ou desvalorizar por conta da nossa cor. A data representa a resistência. Se fala muito de liberdade, mas ainda somos minoria. Às vezes, quando saio para jantar com meu marido, por exemplo, eu só vejo nós dois de negros no restaurante. Ainda falta representatividade”.

Jaqueline da Costa, do Departamento de Administração da SEDS, conta que quando mais nova, alisava seu cabelo para concorrer a vagas de estágio: “Na época, eu tinha 16 anos de idade e fazia isso para concorrer com candidatos brancos, dos cabelos lisos, no padrão exigido daquele tempo.

O movimento ativista e demais mobilizações tem trazido resultados positivos para os negros, mas não o suficiente. Resistir aos desprezos contra a raça, a cultura, e principalmente a estética, é uma luta diária.

Para chegar onde cheguei, o que ainda não é muito, foi necessário que se passassem três gerações da minha família. Essa é a média para as pessoas pretas mudarem de classe social. Eu tenho muito orgulho da mulher negra que me tornei e não vou parar de lutar.”

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Assessora Técnica da SEDS, Fernanda dos Santos destaca a importância do debate: “Como uma mulher negra, acho muito importante poder falar da atual resistência e luta diária, não somente no mês de novembro que é dedicado para debater a consciência negra, mas podemos, todos os dias, contar essa história que compõe a nossa ancestralidade de modo poético, espirituoso e belo e sempre lembrando que a ocasião é dedicada à reflexão sobre a inserção do negro na nossa sociedade”.

Patrícia Martins, supervisora do posto de atendimento da SEDS no Poupatempo de Itaquera, conta que demorou anos para entender que, em determinados momentos, foi vítima de racismo: “Depois de adulta, quando comecei a participar de encontros, ler literaturas de pessoas negras, que fui me deparar com quão grande e esmagadora são as consequências geradas pela discriminação racial.

Essa data me permite refletir, conversar e ouvir experiências da nossa vivência em meio a sociedade. Há séculos, a prática da cultura racista reflete em nosso dia a dia e relações. Hoje, entendo que ser negra é viver livremente mesmo sentindo o preconceito silenciosamente”.

Contextualizando a data

Em meados de 1970, o dia 20 de novembro foi estabelecido, por um grupo de quilombolas do Rio Grande do Sul, como o Dia da Consciência Negra. A data faz referência à morte de Zumbi, líder do Quilombo dos Palmares, assassinado neste mesmo dia do ano de 1695 pelas tropas coloniais luso-brasileiras.

Foi então em 1978 que a celebração ganhou força, com o surgimento do Movimento Negro Unificado no país, quando a data passou a ser nacional, como uma homenagem à Zumbi e o desejo para que haja reflexão.

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