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Novo chanceler emplaca diplomata na presidência da Apex, alvo de cobiça do centrão

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Em mais uma medida que indica uma normalização do Itamaraty pós-Ernesto Araújo, o chanceler Carlos França indicou o diplomata Augusto Pestana para ocupar a presidência da Apex (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos). A agência já teve três presidentes durante o governo Bolsonaro e passou por sucessivas crises devido a interferências ideológicas e políticas.

A presidência da Apex, que tem orçamento previsto de R$ 1 bilhão para promover produtos e empresas brasileiras no exterior, era alvo de cobiça do centrão. França, porém, conseguiu emplacar um diplomata de carreira na agência, que está ligada ao Itamaraty desde a gestão de José Serra como chanceler.

Desde maio de 2019, a Apex era presidida pelo contra-almirante Sergio Ricardo Segovia Barbosa. Antes dele, passaram pelo comando e perderam o cargo Alecxandro Carreiro e o embaixador Mario Vilalva.

Carreiro teve passagem meteórica -ocupou a posição por menos de dez dias. Foi demitido depois de se desentender com a então diretora de Negócios, Letícia Catelani, que havia sido indicada por Ernesto e era próxima do deputado Eduardo Bolsonaro e do assessor internacional Filipe Martins.

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Também não ajudou o fato de Carreiro não falar inglês fluente, requisito previsto no estatuto da agência.

Catelani também foi o pivô da demissão de Villalva. Ela entrou em conflito com o embaixador e foi apoiada pelo ex-chanceler. Ernesto havia promovido uma mudança no estatuto da Apex e transferido poderes que eram da presidência para dois diretores.

Villalva saiu acusando Ernesto de deslealdade, disse que a mudança estatutária ocorreu “na calada da noite” e afirmou que Catelani e Marcio Coimbra, o outro diretor indicado pelo ex-chanceler, eram pessoas despreparadas e irresponsáveis. Ele afirmou que a Apex estava “um pouco paralisada diante de pessoas que não têm experiência nem maturidade para lidar com a coisa pública”.

Pestana, o novo indicado para presidência, é tido como “pessoa de confiança absoluta” do novo chanceler. Ele serviu nas embaixadas do Brasil na Nova Zelândia, no Japão e na Alemanha, foi diretor de negócios na Apex e, mais recentemente, estava na assessoria de planejamento diplomático.