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Dólar passa a subir ante real; decisões de política monetária seguem em foco

O dólar passava a subir frente ao real nesta quarta-feira, em um movimento de compras após desvalorização recente, enquanto as próximas reuniões de política monetária do Banco Central do Brasil e do Federal Reserve continuavam no radar dos mercados.

Às 13:09, o dólar avançava 0,68%, a 5,0694 reais na venda, enquanto, na B3, o dólar futuro subia 0,61%, a 5,079 reais.

Mais cedo, na mínima do pregão, a divisa norte-americana spot havia tocado 5,0188 reais na venda, queda de aproximadamente 0,32%.

Para Alejandro Ortiz, economista da Guide Investimentos, a mudança na direção do dólar desta quarta-feira é “um movimento técnico de compra devido à forte desvalorização do dólar nas últimas semanas”.

“A moeda caiu muito e já está se aproximando do patamar psicológico de 5 reais. (…) Não há motivos para esperar mais desvalorização ainda, então os investidores estão aproveitando para comprar dólar.”

Na terça-feira, o dólar à vista registrou variação negativa de 0,06%, a 5,0352 reais na venda, em seu menor patamar para encerramento desde 10 de junho de 2020 (4,9398 reais), acumulando queda de aproximadamente 3% contra o real no ano.

Entre os fatores que têm ajudado a moeda brasileira nas últimas semanas, vários especialistas apontam para a expectativa de juros domésticos mais altos, que foi reforçada nesta quarta-feira pelos sinais de aceleração da inflação.

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 0,83% em maio, após alta de 0,31% no mês anterior, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Esse é o resultado mais forte para maio desde 1996 (1,22%) e ficou acima da expectativa em pesquisa da Reuters de avanço de 0,71%. Com isso, o índice acumulado em 12 meses disparou a 8,06%, de 6,76% em abril. A expectativa era de alta de 7,93%.

“As expectativas de inflação tanto para 2021 quando para 2022 já vinham subindo, enquanto a previsão para o Produto Interno Bruto (PIB) também cresceu bastante, principalmente para 2021”, disse à Reuters Marcos Weigt, chefe de tesouraria do Travelex Bank.

Na segunda-feira, a pesquisa Focus do Banco Central mostrou que o mercado elevou com força a expectativa de crescimento econômico do Brasil em 2021 depois de dados melhores do que o esperado sobre a atividade divulgados na semana passada.

Em meio a esse cenário, “acredito que o BC, na semana que vem, vai retirar de sua comunicação a frase sobre um ‘ajuste parcial'”, disse Weigt. O termo “normalização parcial”, adotado pela autarquia, indica a intenção de ainda se manter um estímulo à economia, com os juros mais altos mas abaixo do patamar considerado neutro.

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central encerrará seu próximo encontro no dia 16 de junho, com expectativa de elevação da taxa Selic a 4,25% ao ano, ante patamar atual de 3,5%.

Além de atentos aos juros domésticos, analistas do Bradesco disseram em nota que os investidores estão à espera de dados da inflação norte-americana que serão divulgados na quinta-feira. Com a aproximação da reunião de política monetária do Federal Reserve, que também se encerra na quarta-feira que vem, os agentes dos mercados ficarão de olho em qualquer sinal de superaquecimento da maior economia do mundo.

Embora várias autoridades do banco central norte-americano tenham afirmado repetidas vezes que enxergam as pressões inflacionárias nos Estados Unidos como temporárias, o que justifica a manutenção de sua política monetária expansionista, outras já começaram a reconhecer que estão mais próximas de um debate sobre quando retirar parte de seu nível de apoio à economia.

Weigt, do Travelex, trabalha com um cenário de manutenção da política monetária nos EUA. “Acho que o Fed não vai fazer nenhum movimento nem adotar uma mudança do discurso. Não acho que teremos grandes surpresas lá fora.”

Segundo especialistas, a manutenção da postura expansionista do Federal Reserve tende a beneficiar ativos de países emergentes, uma vez que os investidores estrangeiros vão buscar rendimentos mais altos fora dos Estados Unidos.

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